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Internacional/Europa: Europa sob pressão, Irão culpa a inação europeia pela escalada do conflito com Israel e exige condenação clara

Europa sob pressão: Irão culpa a inação europeia pela escalada do conflito com Israel e exige condenação clara

Em entrevista exclusiva à Euronews, Ali Bahraini, embaixador e representante permanente do Irão nas Nações Unidas em Genebra, afirmou que a diplomacia ainda tem uma oportunidade, desde que Israel cesse os ataques. No entanto, lançou um forte alerta: caso os Estados Unidos entrem no conflito, o Irão responderá militarmente.

“Acreditamos que o mínimo que os europeus podem fazer é condenar de forma muito explícita Israel e cessar o seu apoio a este país,” declarou Bahraini.

O diplomata criticou a relutância da Europa em condenar a agressão israelita e a sua incapacidade em manter vivo o acordo nuclear JCPOA, fatores que, segundo ele, contribuíram para a escalada das hostilidades entre Irão e Israel, que já se prolongam há sete dias.

“A impunidade concedida a Israel encoraja este Estado a continuar a cometer novos crimes. Essa impunidade deve-se à inação dos europeus, dos Estados Unidos e do Conselho de Segurança,” explicou Bahraini.

O embaixador apelou à Europa para pressionar Israel a parar a agressão, sublinhando que os países europeus devem assumir a sua responsabilidade para acabar com essa impunidade. Ajudar Israel financeiramente, militarmente ou com inteligência deve cessar, disse. Bahraini frisou ainda que a tecnologia nuclear iraniana não pode ser destruída por Israel ou pelos Estados Unidos.

Este tema será discutido com os ministros dos Negócios Estrangeiros de França, Alemanha e Reino Unido – o chamado E3 – numa reunião marcada para sexta-feira, em Genebra, onde estará em foco o programa nuclear iraniano, no centro do atual conflito.

Recorde-se que o Irão era signatário do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), acordo que impunha limitações severas às suas atividades nucleares em troca de alívio das sanções. Contudo, a saída unilateral dos EUA do pacto em 2018, liderada pelo ex-presidente Donald Trump, levou a nova ronda de sanções e a um aumento das tensões.

Desde então, o Irão continuou a enriquecer urânio, atingindo níveis de 60%, abaixo dos 90% considerados armas nucleares, mas muito acima dos 3,67% permitidos no acordo.

Enquanto o Irão sustenta que o seu programa nuclear é pacífico e civil, Israel acusa Teerão de buscar a construção de uma arma nuclear que poderá usar contra o Estado israelita.

Sobre as possibilidades diplomáticas, Bahraini admitiu que ainda existe uma janela para um novo acordo, mas apenas se a violência cessar. “A prioridade para o nosso povo e país é parar a agressão, parar os ataques,” afirmou.

Paralelamente às hostilidades com troca diária de mísseis e drones, o conflito agravou-se no plano verbal, nomeadamente entre Trump e figuras seniores iranianas.

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Quando questionado sobre a possibilidade de os EUA se envolverem militarmente ao lado de Israel, Trump respondeu evasivamente: “Posso fazê-lo, posso não fazê-lo. Ninguém sabe o que vou fazer.”

O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu interpretou esta ambiguidade como um sinal de apoio e agradeceu a Trump num discurso televisivo.

Por sua vez, a missão iraniana nas Nações Unidas afirmou que nenhum responsável do país se rebaixaria perante a Casa Branca para negociar um novo acordo.

Bahraini acusou os EUA de cumplicidade na ação israelita e advertiu que o Irão responderá com firmeza se os americanos ultrapassarem as suas “linhas vermelhas”, incluindo ataques ao território americano.

“As nossas forças militares monitorizam a situação e decidirão como reagir. Têm um domínio absoluto e uma avaliação precisa dos movimentos dos EUA. Sabem onde atacar se for necessário,” avisou.

O diplomata esclareceu que o Irão não solicitou apoio internacional, defendendo a sua capacidade de se proteger de forma independente.

O Irão financia vários grupos militantes na região, como o Hamas, Hezbollah e os Houthis, unidos pela oposição a Israel. Contudo, até ao momento, estes grupos não foram chamados a intervir diretamente no conflito.

“Estamos confiantes de que podemos derrotar Israel de forma autónoma e pôr fim à agressão sem necessitar de ajuda externa,” concluiu Bahraini.

“Israel não é um Estado com o qual se possa negociar. Temos de mostrar que não pode ultrapassar as linhas vermelhas contra o Irão. Israel está habituado a cometer crimes e é hora de parar isso.”