Uma vala comum com recrutas mortos em 1998, enquanto fugiam de um campo militar, foi descoberta recentemente perto da capital do Sudão, Cartum, anunciou ontem o procurador sudanês, que não detalhou o número de vítimas.
A comissão encarregue de investigar as mortes no campo militar de Ailefoun « descobriu a vala comum nos últimos quatro dias, após ouvir testemunhas », disse o procurador Tagelsirr al-Hebr.
« A vala comum foi exumada e a comissão continua o seu trabalho (de investigação) com os médicos-legistas e a polícia forense », afirmou Ali Said, da comissão de inquérito.
De acordo com a agência France-Presse, a polícia tinha isolado a área de onde os corpos foram exumados no distrito de Sahafa, na quinta-feira.
Em abril de 1998, dezenas de jovens recrutas foram mortos quando tentavam fugir do campo de Ailefoun, a sudeste de Cartum, para se juntarem às suas famílias durante o Eid al-Adha (Festa do Sacrifício).
Na altura, as autoridades sudanesas, que respondiam ao Presidente de então, Omar al-Bashir, rejeitaram as acusações contra si, defendendo que os jovens soldados se tinham afogado no Nilo Azul.
Oficialmente, 55 corpos foram recuperados após um barco que transportava os recrutas se ter afundado. A versão oficial foi contestada pelas famílias das vítimas — assim como por grupos da oposição –, que estimam que o número de vítimas tenha atingido as centenas.
O regime de al-Bashir, deposto em 2019 depois de governar o Sudão por 30 anos com punho de ferro, usou recrutas durante a guerra contra os rebeldes no Sul, que desde então se separaram, em 2011, originando o Sudão do Sul.