Movimentar-se faz bem à saúde, mas o horário em que se pratica exercício físico pode ser decisivo dependendo dos objetivos: seja melhorar a saúde cardiovascular, controlar o diabetes ou ganhar massa muscular. Estudos recentes reunidos no campo da cronoatividade — ou cronoexercício — revelam que o impacto da atividade física varia ao longo do dia, de acordo com o nosso relógio biológico.

O estudo mais recente sobre o tema, publicado na revista European Journal of Preventative Cardiology, monitorou 86.657 pessoas entre 42 e 76 anos durante seis anos, usando dados de frequência cardíaca obtidos por rastreadores de pulso. Os resultados mostraram que exercitar-se entre as 8h e as 11h da manhã, especialmente perto das 11h, reduz o risco de doenças cardiovasculares. Independentemente da cronobiologia individual, todos os participantes se beneficiaram mais quando praticaram exercício nesse período. As mulheres, em particular, demonstraram ganhos superiores, reforçando conclusões anteriores que indicam a manhã como o horário mais eficaz para elas.

Investigadores do Skidmore College, nos Estados Unidos, constataram que mulheres que se exercitam pela manhã perdem mais gordura abdominal do que aquelas que se movimentam ao final do dia. Além disso, as praticantes matinais têm maior tendência a apresentar pressão arterial mais baixa.

Estudos indicam que o final da tarde e a noite são os melhores momentos para trabalhar a força muscular. Durante esse período, os músculos atingem o seu pico de desempenho, o que permite levantar mais peso durante mais tempo com menos esforço percebido, favorecendo a construção de massa muscular. Homens parecem beneficiar-se ainda mais deste horário. Dados do Skidmore College apontam que os que treinaram no final do dia apresentaram reduções mais significativas na pressão arterial, no colesterol, na gordura corporal e na fadiga em comparação com os que treinaram de manhã.

Pessoas com diabetes ou pré-diabetes devem considerar a prática de atividade física leve após o jantar, quando a tolerância à glicose está mais baixa e as refeições ricas em amido podem provocar picos de açúcar no sangue. Homens com diabetes obtêm melhores resultados na regulação da glicose quando se exercitam no final do dia.

A flexibilidade muscular e articular tende a aumentar ao longo do dia, atingindo o pico por volta das 19h. Por isso, alongar-se à noite permite maior amplitude de movimento e menor risco de lesões. Além disso, o alongamento noturno reduz a tensão muscular no dia seguinte e ajuda a relaxar o corpo antes de dormir.

Segundo o mesmo estudo da European Journal of Preventative Cardiology, exercitar-se entre a meia-noite e as 6h da manhã está associado a um maior risco de doenças cardíacas e AVC. Isso deve-se ao fato de que, nesse período, o organismo está biologicamente programado para descansar e realizar reparações internas.

Embora adaptar os horários do exercício ao relógio biológico possa maximizar os seus benefícios, o mais importante continua a ser a prática regular de atividade física, dentro da realidade e disponibilidade de cada pessoa. A regularidade supera a escolha pontual do melhor horário.