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Desporto/Caso FIFA: Michel Platini e Sepp Blatter regressam ao tribunal na Suíça

Quase três anos após a sua absolvição em primeira instância, Michel Platini e o ex-presidente da FIFA, Sepp Blatter, regressam ao tribunal esta segunda-feira, enfrentando a justiça suíça num caso de pagamento suspeito que pôs fim às suas carreiras em 2015.

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A partir das 9h00 e até quinta-feira à noite, o Tribunal Penal Federal, reunido em Muttenz, analisará o caso do francês de 69 anos e do suíço de 88 anos. Ambos enfrentam acusações de « fraude », « má gestão », « abuso de confiança » e « falsificação de documentos », crimes que podem resultar em penas de prisão até cinco anos. A decisão será anunciada no dia 25 de março.

Um pagamento de 1,8 milhões de euros no centro do caso

Os juízes terão de examinar acontecimentos que remontam a décadas atrás, desde a parceria entre Platini e Blatter em 1998, até à sua crescente rivalidade e eventual afastamento do futebol mundial. Também precisarão de distinguir os aspetos jurídicos do caso das suas implicações políticas.

O Ministério Público acusa os dois ex-dirigentes de terem « obtido ilegalmente, em prejuízo da FIFA, um pagamento de 2 milhões de francos suíços » (1,8 milhões de euros) em benefício de Michel Platini.

No primeiro julgamento, em 2022, a acusação pediu uma pena de um ano e oito meses de prisão com pena suspensa. No entanto, os juízes decidiram pela absolvição, argumentando que a fraude não estava « provada com um grau de certeza suficiente ».

Após o recurso do Ministério Público, Platini e Blatter terão agora de se explicar novamente no caso que os tornou figuras indesejadas no mundo do futebol. A acusação surgiu num momento em que Michel Platini, então presidente da UEFA e ainda prestigiado pela sua carreira desportiva, parecia ser o sucessor natural de Sepp Blatter na liderança da FIFA, após os escândalos que levaram à demissão deste último.

Um pagamento contestado pela acusação

Ambas as partes concordam num ponto: entre 1998 e 2002, Michel Platini atuou como conselheiro de Sepp Blatter durante o seu primeiro mandato como presidente da FIFA. Um contrato assinado em 1999 estabelecia um salário anual de 300.000 francos suíços, que foi pago integralmente pela FIFA.

No entanto, em janeiro de 2011, mais de oito anos após o fim da sua função como conselheiro, Platini apresentou uma fatura de 2 milhões de francos suíços, valor pago pela FIFA com o aval de Blatter.

Para o Ministério Público, este pagamento não tem fundamento legal e foi obtido através da « manipulação fraudulenta » dos controlos internos da FIFA, um elemento-chave para a acusação de fraude.

Já Platini e Blatter sustentam que, desde o início, haviam acordado verbalmente um salário anual de 1 milhão de francos suíços, mas que, devido às finanças da FIFA na época, o pagamento integral não pôde ser efetuado de imediato.

O advogado de Michel Platini, Dominic Nellen, espera que o Tribunal de Recurso confirme a absolvição do seu cliente, que « nega totalmente as acusações » do Ministério Público.

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Uma defesa baseada num acordo verbal

No primeiro julgamento, Michel Platini explicou:

« Quando o Sr. Blatter me convidou para ser seu conselheiro, perguntou-me qual salário eu queria. Fiquei surpreso com a pergunta e disse: ‘Quero um milhão’. »

Blatter teria então respondido: « Um milhão de quê? » e Platini, em tom de brincadeira, teria dito: « Pesetas, liras, rublos, marcos… tu decides. »

Segundo Blatter, ele então concordou com um salário de 1 milhão de francos suíços. O ex-presidente da FIFA declarou que Platini « valia o milhão », descrevendo um « acordo de cavalheiros » que nunca foi formalizado nem incluído nos registos financeiros da FIFA.

Tensões políticas no centro do julgamento

Os dois acusados também questionaram o possível papel do atual presidente da FIFA, Gianni Infantino, no desenrolar do caso. Antigo braço direito de Platini na UEFA, Infantino acabou por ser eleito presidente da FIFA em 2016, após a queda dos seus dois ex-superiores.

Em 2020, foi aberta uma investigação contra Infantino por três reuniões secretas com o ex-chefe do Ministério Público suíço, mas o caso foi arquivado em 2023.

Apesar da sua absolvição inicial, Michel Platini afastou qualquer possibilidade de um regresso à FIFA. Este novo julgamento poderá, assim, encerrar de vez um dos capítulos mais controversos da história do futebol mundial.

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