MozLife

Internacional/África: África enfrenta crise climática sem precedentes com secas e inundações devastadoras

O continente africano vive uma situação climática extrema e sem precedentes, segundo relatório recente da Organização Meteorológica Mundial (OMM), sofrendo desproporcionalmente os impactos das mudanças climáticas apesar de contribuir com menos de 4% das emissões globais de gases de efeito estufa.

Os fenómenos meteorológicos extremos estão a transformar radicalmente a vida de milhões de africanos, com recordes de temperatura em 2024 que marcam o período mais quente já registado no continente.

Secas históricas e colapso agrícola

Marrocos enfrenta seis anos consecutivos de seca severa, com queda de 50% na produção agrícola em 2023, enquanto Zâmbia e Zimbabwe registaram reduções de 43% e 50% nas colheitas de cereais respectivamente.

Estes países, juntamente com o Malawi, declararam estado de catástrofe nacional, com mais de 18 milhões de pessoas necessitando de ajuda humanitária urgente e aumentos de até 82% nos preços dos alimentos em algumas regiões.

Inundações catastróficas deslocam milhões

Na África Oriental, as chuvas torrenciais da primavera de 2024 afectaram mais de 700 mil pessoas no Quénia, Tanzânia e Burundi, enquanto na África Ocidental e Central mais de 4 milhões sofreram com cheias severas, particularmente na Nigéria, Níger, Chade, Camarões e República Centro-Africana.

Na República Democrática do Congo, as repetidas inundações em Uvira e Kalemie destruíram 2.282 habitações, forçando milhares a refugiar-se em acampamentos temporários como o de Katanika.

Publicidade_Página Home_Banner_(1700px X 400px)

Anuncie aqui: clique já!

Vulnerabilidade extrema e futuro preocupante

Cerca de 90% dos deslocamentos internos em África relacionam-se directa ou indirectamente com eventos climáticos, segundo relatório conjunto do IDMC e Conselho Norueguês para Refugiados.

A agricultora zambiana Grace Kabwe descreve a pior seca do século: « Nunca vi nada assim… Sinto que me tornei um peso para os meus filhos », enquanto Pride Mappé relata as dificuldades mesmo com sementes híbridas.

As projecções para os próximos cinco anos são alarmantes, com possibilidade de mais de 100 milhões de africãos enfrentarem eventos extremos, agravados pelo fenómeno El Niño e pelo aquecimento global antropogénico.