MozLife

Internacional/América do Norte: Demora nos vistos dos EUA leva estudantes internacionais a reconsiderar destinos e beneficia Reino Unido e Ásia

Alterações nas políticas americanas e atrasos nos processos de visto estão a impulsionar um aumento das candidaturas a universidades britânicas e asiáticas, com impacto significativo no ensino superior global.

Nos últimos meses, as demoras para entrevistas de visto americano na China tornaram-se tão longas que muitos estudantes desistiram de tentar estudar nos Estados Unidos. Paralelamente, universidades em Hong Kong registam um aumento das consultas de transferência por parte de estudantes internacionais atualmente nos EUA, enquanto as candidaturas para cursos de graduação no Reino Unido disparam.

A administração do presidente Donald Trump tem pressionado as instituições norte-americanas a reduzir a sua dependência de estudantes estrangeiros, adicionando também uma fiscalização rigorosa e camadas extras de controlo no processo de admissão de estudantes internacionais, como parte de uma política mais restritiva de imigração.

Nos últimos meses, o governo dos EUA revogou o estatuto legal de milhares de estudantes estrangeiros, alguns deles sem antecedentes criminais relevantes, apenas por questões administrativas como multas de trânsito. Este contexto levou à suspensão temporária de novas nomeações para vistos estudantis, com a introdução de um processo de análise das redes sociais dos candidatos.

Apesar destes obstáculos, os Estados Unidos continuam a ser o destino preferido para muitos estudantes internacionais. Contudo, outras regiões estão a aproveitar esta instabilidade para captar candidatos que antes não consideravam opções viáveis, o que poderá ter um impacto significativo tanto nas universidades americanas como na economia do país.

Uma análise da agência NAFSA prevê uma possível redução de 30% a 40% nas novas matrículas internacionais nos EUA neste outono, o que poderá traduzir-se numa perda de 7 mil milhões de dólares em receitas, dado que muitos estudantes estrangeiros pagam propinas na íntegra.

Enquanto isso, o Reino Unido — segunda escolha mundial para estudantes internacionais — está a beneficiar deste cenário. Apesar do novo governo trabalhista ter anunciado cortes na migração e limitações nos vistos pós-estudo, o país continua a ser visto como o mais acolhedor entre as grandes nações de língua inglesa.

Oficiais e consultores de admissão reportam um aumento de 2,2% nas candidaturas para cursos de graduação neste ano, com destaque para um crescimento de 10% em candidaturas provenientes da China. O número de candidaturas de estudantes norte-americanos também atingiu um máximo em 20 anos, com um aumento de 14%.

No âmbito dos programas de pós-graduação, as admissões de estudantes internacionais no Reino Unido cresceram cerca de 10%, impulsionadas principalmente pelos cursos de gestão e negócios.

No continente asiático, a procura por vagas em universidades de Hong Kong, Singapura e Malásia também tem vindo a crescer rapidamente, com várias universidades ocidentais a operarem campi offshore mais acessíveis do que os Estados Unidos ou o Reino Unido.

Muitas famílias chinesas já não consideram os EUA a primeira opção devido à turbulência política e às dificuldades no processo de visto. Estudantes aguardam por entrevistas que poderão atrasar o início do ano letivo.

Hong Kong tem manifestado abertura para acolher estudantes que não consigam entrar nos EUA. No ano passado, a região chinesa aprovou a possibilidade de estudantes internacionais trabalharem a tempo parcial durante os estudos. Universidades locais registam um aumento significativo nas consultas de transferência e candidaturas internacionais.

Além disso, países como os Emirados Árabes Unidos têm investido na criação de campi satélites de universidades estrangeiras, atraindo estudantes que receiam não conseguir acesso aos EUA. Dubai, por exemplo, aumentou o número de estudantes internacionais em um terço entre 2024 e 2025.

Enquanto isso, o crescente número de estudantes no Emirados demonstra que a tradicional “sonho americano” está a dar lugar a novas rotas educacionais, com muitas famílias a preferirem opções locais que oferecem qualidade e estabilidade.

Publicidade_Página Home_Banner_(1700px X 400px)

Anuncie aqui: clique já!