Três dias após o anúncio do controverso plano orçamental defendido pelo antigo presidente Donald Trump, Elon Musk voltou a intensificar as críticas ao pacote multitrilionário aprovado recentemente na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. O empresário e CEO da Tesla classificou a medida como uma “abominação nojenta”, afirmando que “já não consegue suportar” o que considera ser um abuso de poder legislativo.
“É um projeto de lei gigantesco, ultrajante, carregado de privilégios e desperdício”, escreveu Musk na rede social X. “Vergonha para quem votou a favor. Sabem que fizeram mal. Sabem disso.”
Num outro comentário publicado na quarta-feira, Musk alertou para o impacto económico do plano: “Este projeto vai sobrecarregar os americanos, aumentando drasticamente o já gigantesco défice orçamental para 2,5 biliões de dólares.” Acrescentou ainda: “O Congresso está a levar a América à falência.”
A sua crítica mais dura veio acompanhada de uma previsão alarmante: “Este nível imenso de gastos excessivos levará os Estados Unidos à escravidão por dívida!”
Musk também partilhou publicações de políticos republicanos como o senador Rand Paul e o congressista Thomas Massie, ambos do Kentucky, que já tinham manifestado oposição à proposta e alegadamente enfrentaram represálias de Trump.
Publicidade_Pagina_Interna_Bloco X3_(330px X 160px)
Comprar um espaço para minha empresa.O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, que liderou a aprovação do pacote, quebrou o silêncio na quarta-feira: “O presidente não está encantado por Elon ter mudado de posição assim.” Johnson acrescentou: “Não sei o que aconteceu em 24 horas, mas falarei com o meu amigo sobre isso. Não estou chateado.”
Segundo uma fonte republicana ouvida pelo jornalista Jake Sherman, da Punchbowl News, a viragem de Musk estará relacionada com os incentivos fiscais à indústria de veículos elétricos (EVs), que deixariam de existir para construtores que ultrapassassem as 200.000 unidades vendidas até ao final de 2025.
“Ele era a favor do pacote até perceber que não ia conseguir o que queria em relação aos créditos fiscais para veículos elétricos”, referiu a mesma fonte.
O plano, que aguarda agora votação no Senado, prevê a eliminação gradual do crédito fiscal de até 7.500 dólares para consumidores que adquiram veículos elétricos, a partir de 2026. A Tesla já tinha alertado para os riscos de um corte abrupto.
“Eliminar rapidamente os créditos energéticos ameaça a independência energética dos EUA e a fiabilidade da nossa rede elétrica”, escreveu a Tesla Energy. “Instamos o Senado a aprovar uma eliminação faseada sensata das seções 25D e 48e.”
Musk criticou ainda o facto de não haver qualquer alteração aos incentivos para as indústrias de petróleo e gás, em contraste com os cortes nos benefícios para energias limpas.
As declarações surgem poucos dias depois de Musk ter terminado oficialmente a sua colaboração com a administração Trump, onde liderava o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). Em entrevista à CBS News, já tinha advertido que o plano orçamental “sabota” os esforços para reduzir o tamanho do governo federal.
“Acho que um plano pode ser grande ou bonito, mas não sei se pode ser os dois ao mesmo tempo”, comentou Musk, com ironia, durante o programa “CBS Sunday Morning”.
Nas últimas semanas, Elon Musk tem procurado distanciar-se da política nacional. Lamentou o impacto que a sua ligação ao governo teve na reputação das suas empresas e anunciou a suspensão do financiamento político, após ter apoiado Donald Trump nas presidenciais de 2024 com uma contribuição estimada em 250 milhões de dólares.