Cinco membros do grupo musical Grupo Fugitivo foram encontrados mortos numa lixeira clandestina, quatro dias após o seu desaparecimento. O crime, ocorrido no nordeste do México, levanta fortes suspeitas contra o cartel del Golfo.
No México, o desaparecimento trágico de cinco músicos abalou profundamente o meio artístico e a sociedade. Os jovens pertenciam ao Grupo Fugitivo, conjunto musical regional, e desapareceram após terem sido atraídos para o que pensavam ser um concerto. No entanto, o local revelava-se ser um terreno baldio, longe de qualquer sala de espetáculos.
O único sobrevivente do grupo é o vocalista, que chegou atrasado ao local combinado e escapou assim ao destino dos seus colegas. Os corpos calcinados foram encontrados na quinta-feira, 29 de maio, numa lixeira clandestina situada a doze quilómetros de Reynosa, cidade da fronteira com os Estados Unidos.
Durante os quatro dias que separaram o desaparecimento da descoberta dos corpos, familiares, amigos e coletivos de busca mobilizaram-se intensamente para encontrar os jovens. Sem sucesso.
As autoridades locais apontam o cartel del Golfo como o principal suspeito. Três indivíduos ligados a esta organização criminosa já foram detidos. O cartel del Golfo é um dos mais antigos e violentos do México, com forte presença na região onde ocorreu o crime.
Até ao momento, nenhum motivo oficial foi divulgado pelas autoridades mexicanas, mas várias hipóteses circulam. Uma delas sugere uma disputa amorosa entre um dos músicos e um chefe do cartel. Outra aponta para a interpretação de um narcocorrido — canção que glorifica líderes do narcotráfico — em homenagem a um líder rival.
Publicidade_Pagina_Interna_Bloco X3_(330px X 160px)
Comprar um espaço para minha empresa.Narcocorridos: entre fama e perigo
Os narcocorridos são baladas populares mexicanas interpretadas com instrumentos tradicionais, mas com uma diferença significativa em relação aos corridos clássicos, que retratam acontecimentos históricos ou histórias de amor. Os narcocorridos exaltam figuras do narcotráfico, sendo muitas vezes encomendados pelos próprios cartéis.
Esse género musical representa uma fonte de rendimento atrativa, mas extremamente arriscada. A fidelidade a um cartel é regra de ouro: qualquer deslize pode custar a vida. E foi talvez essa « infidelidade » que selou o destino dos músicos do Grupo Fugitivo.
Segundo rumores locais, os cinco músicos teriam interpretado o narcocorrido “El Señor del Palenque”, um tributo a El Mencho, chefe do cartel de Jalisco Nueva Generación, arquirrival do cartel del Golfo.
Casos como este não são isolados. Músicos têm-se tornado alvos frequentes da violência ligada ao narcotráfico, tornando-se símbolos da vulnerabilidade cultural nas regiões dominadas por grupos criminosos.