MozLife

Internacional/Ásia: China acelera transformação de cinco metrópoles em centros internacionais de consumo

Pequim, Xangai, Guangzhou, Tianjin e Chongqing lideram a nova estratégia para impulsionar o consumo interno e atrair turistas, aproximando-se do nível de Nova Iorque, Paris e Tóquio

A China está a intensificar os esforços para transformar cinco das suas principais cidades — Pequim, Xangai, Guangzhou, Tianjin e Chongqing — em centros internacionais de consumo, comparáveis a metrópoles globais como Nova Iorque, Paris e Tóquio. Esta iniciativa insere-se numa estratégia mais ampla para estimular o consumo interno, reconhecido como motor essencial do crescimento económico chinês.

De acordo com especialistas do setor, cidades globais de consumo são frequentemente vistas como « paraísos de compras », com infraestrutura comercial avançada e alto poder aquisitivo por parte dos consumidores.

Estratégia de longo prazo

Em novembro de 2021, o Presidente Xi Jinping afirmou, durante a abertura da Exposição Internacional de Importações da China, que o país procuraria partilhar oportunidades de mercado com o mundo e acelerar a integração entre o comércio interno e externo. A construção de centros de consumo internacionais foi identificada como prioridade.

Com o aval do Conselho de Estado, a decisão de iniciar este projeto com as cinco cidades foi tomada há quatro anos. Desde então, as autoridades locais têm vindo a desenvolver cenários de consumo diversificados e a atrair marcas e recursos globais de alta qualidade.

Turismo, reembolsos fiscais e inovação urbana

O turismo internacional nestas cidades tem registado um crescimento significativo. Em abril, a China introduziu medidas para facilitar o reembolso imediato de impostos a visitantes estrangeiros, em centros comerciais autorizados.

O número de visitantes estrangeiros duplicou em 2024 nas cinco cidades envolvidas. Atualmente, 60% das lojas com reembolso fiscal estão localizadas nestas zonas urbanas, segundo o Ministério do Comércio, que promete triplicar o número de lojas elegíveis para cerca de 10.000 ainda este ano.

Sheng Qiuping, vice-ministro do Comércio, alertou que a China ainda tem um número reduzido de lojas com isenção fiscal, em comparação com Japão (mais de 60.000), Coreia do Sul (20.000) ou países europeus como França, Alemanha e Itália (acima de 10.000 cada um).

Para Andrea Yue, especialista em impostos indiretos na EY, o reembolso instantâneo tem sido um estímulo direto ao consumo. Combinado com a política de trânsito sem visto por 240 horas, o impacto no turismo e nas compras tem sido expressivo.

Xangai, Chongqing e o novo turismo

Xangai, cidade com forte presença de turistas estrangeiros, tem apostado em grandes atrações como o Disney Resort, oceanários e parques temáticos internacionais. Também acolhe eventos globais, como o Grande Prémio de Fórmula 1 da China.

Publicidade_Página Home_Banner_(1700px X 400px)

Anuncie aqui: clique já!

Por sua vez, Chongqing, localizada no sudoeste montanhoso do país, está a desenvolver infraestruturas para a chamada « economia de baixa altitude », incluindo voos turísticos abaixo dos 1.000 metros de altitude. Um novo voo panorâmico lançado no final de 2023 permite sobrevoar as Três Gargantas do Rio Yangtzé, proporcionando experiências únicas aos visitantes.

Aposta no cruzeiro e expansão marítima

As cidades costeiras de Xangai e Tianjin estão a tornar-se polos para o turismo de cruzeiros, com novas rotas nacionais e internacionais. Em Xangai, está em construção o segundo grande cruzeiro fabricado na China, o Adora Flora City, com entrega prevista para 2026. O primeiro navio, Adora Magic City, já realizou mais de 100 viagens, transportando mais de 350.000 passageiros.

Uma resposta coordenada aos desafios económicos

Num contexto de desafios económicos internos e externos, as autoridades chinesas têm dado prioridade absoluta à expansão do consumo interno como motor económico de 2024. Para Zhang Xiaoying, investigadora da Academia de Ciências Sociais de Guangzhou, estes centros internacionais de consumo são fundamentais para modernizar a indústria, impulsionar o crescimento sustentável e aprofundar a abertura ao mundo.