O Corredor da Beira é uma das principais rotas comerciais e logísticas da África Austral, ligando o Porto da Beira, em Moçambique, a países do interior como Zimbabué, Maláui e Zâmbia. Através de estradas e caminhos-de-ferro, esta rota é considerada fundamental para o escoamento de produtos e para o desenvolvimento económico da região.

Segundo o director Nacional de Logística, Fernando Ouana, está em curso um investimento de 290 milhões de dólares para modernizar o Porto da Beira e reposicionar a infraestrutura como centro logístico regional. O responsável alertou, contudo, para os desafios de eficiência e para os constrangimentos na ligação com o Zimbabué, sobretudo na fronteira de Machipanda.

“Estamos a trabalhar para que, nos próximos anos, o Corredor da Beira esteja à altura das necessidades do País e da região, garantindo maior fluidez e competitividade ao comércio internacional”, afirmou Ouana, em declarações à Agência de Informação de Moçambique.

Atualmente, o Porto da Beira enfrenta forte pressão operacional, com congestionamentos frequentes e capacidade limitada nos terminais de carga e contentores. Entre os planos em estudo, destaca-se a expansão do terminal de combustíveis, aumentando a capacidade de armazenamento dos actuais três milhões para cinco milhões de metros cúbicos, além da construção de novas infraestruturas de descarga portuária ligadas ao pipeline que conecta Moçambique a Harare.

No plano terrestre, a fronteira de Machipanda surge como o principal ponto crítico. O transporte de mercadorias é condicionado pela existência de uma ponte de sentido único, gerando filas de camiões que podem esperar dias para atravessar. Para responder a este problema, o Governo planeia a construção de uma nova ponte, de um porto seco para processamento aduaneiro e aposta ainda na cooperação com o Zimbabué para simplificação de processos alfandegários.

O Porto da Beira tem mostrado resultados positivos apesar dos entraves. Em 2023, inaugurou um estaleiro frigorífico de exportação, reforçando a capacidade no manuseamento de carga refrigerada, essencial para produtos como frutas cítricas e frutos do mar. Só nos primeiros sete meses de 2024, o terminal de carga geral registou um aumento de 24%, enquanto o terminal de contentores cresceu 40%, movimentando 226 mil contentores. O Zimbabué mantém-se como principal utilizador do corredor, exportando produtos como crómio, lítio, petalite e tabaco.

O Governo estima que, com os investimentos em curso, a capacidade de manuseamento do porto aumente dos atuais 300 mil contentores para 700 mil e, num futuro próximo, possa ultrapassar um milhão por ano. Esta expansão terá impacto direto no desenvolvimento socioeconómico da região centro de Moçambique, consolidando o país como hub logístico da África Austral.

Mais do que uma via de trânsito, o Corredor da Beira é visto como um espaço de desenvolvimento económico integrado, com potencial para gerar emprego e dinamizar atividades agrícolas, industriais e comerciais. Contudo, a modernização das infraestruturas fronteiriças e a integração com os sectores rodoviário, ferroviário e aduaneiro são apontados como determinantes para garantir a sua plena eficiência.

Todos estes elementos confirmam o Corredor da Beira como um pilar estratégico da economia moçambicana, essencial para reforçar a ligação do país aos mercados regionais e internacionais e para impulsionar a competitividade da África Austral.