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Moçambique: Patrick Pouyanné assegura que projeto de gás da Total no Moçambique está a caminho de ser reiniciado

Na ocasião da apresentação dos resultados do grupo TotalEnergies, seu CEO demonstrou confiança no futuro do projeto de gás da gigante no Moçambique, que foi suspenso após uma escalada de violência na região.

O projeto de gás está “novamente nos trilhos”, informou Patrick Pouyanné, em resposta a uma pergunta de um analista durante a apresentação dos resultados anuais na quarta-feira, 5 de fevereiro. “É uma questão de semanas.”

O projeto foi interrompido após um ataque violento de milícias islâmicas na região em 2021. Uma investigação publicada pelo POLITICO revelou, além disso, uma série de abusos cometidos ainda nesse ano por soldados moçambicanos pertencentes a uma força-tarefa paga pela TotalEnergies e que operava à margem da concessão.

A gigante francesa, por sua vez, indicou não ter, após “investigações aprofundadas”, “identificado qualquer informação ou prova que possa corroborar as alegações de abusos graves e tortura.”

Patrick Pouyanné expressou tranquilidade quanto à “vontade de continuidade” do novo presidente moçambicano, com quem se encontrou recentemente. Embora ele “não tenha dúvidas” sobre a segurança do local, considerando-a “melhor do que antes”, ele aguarda “melhorias” na região para retomar o projeto.

Apoio americano
Para retomar, o projeto também deve contar com um apoio renovado de seus financiadores. Entre eles, a agência americana de crédito à exportação, a US Exim, que “rapidamente” deverá confirmar seu apoio, segundo o CEO da gigante do gás. O empréstimo de 4,7 bilhões de dólares que a agência americana concederia é crucial para fechar o financiamento.

“Eu ficaria surpreso se a administração do presidente Donald Trump se opusesse a um projeto de GNL [gás natural liquefeito] que ela aprovou alguns anos antes”, argumentou Patrick Pouyanné diante dos analistas financeiros.

A empresa francesa, aliás, contratou os serviços de um ex-membro da Exim, conforme documentos públicos consultados pelo POLITICO, para acelerar o financiamento via essa agência de crédito à exportação antes da chegada de Donald Trump e sua equipe. Uma estratégia que, aparentemente, falhou.

“Sem esse empréstimo já validado e o apoio do governo americano, o trabalho no projeto Mozambique LNG não poderia ser retomado ou finalizado”, escreveu Patrick Pouyanné em cartas a vários membros do governo de Joe Biden no final de novembro.

Um atraso confirmado
Patrick Pouyanné admitiu na quarta-feira que “não previu essas dificuldades no ano passado com as agências de crédito à exportação” e considerou o projeto como “vítima” dos jogos políticos.

Ele insinuou que o projeto teve atraso, mas deverá estar operacional por volta de 2030, com talvez seis meses “perdidos”. A impossibilidade de retomar em 2024 complicou o lançamento do projeto em 2029, como inicialmente esperado.

Mais de cem ONGs pediram no final de janeiro que os bancos e as agências públicas de crédito revissem seu apoio, evitando assim a retomada do projeto. As associações estão preocupadas com o impacto desse projeto nos direitos humanos e nas emissões de gases de efeito estufa, e exigem seu abandono.

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