Myanmar: Manifestantes contra a Junta Militar pedem uma “revolução da primavera”

“Derrubar a ditadura militar é a nossa causa”, dizem os manifestantes

Milhares de manifestantes anti-golpe marcharam em Myanmar, neste domingo, 2, pedindo uma “revolução da primavera”, com o país no seu quarto mês sob regime militar.

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Cidades, áreas rurais, regiões montanhosas remotas e até mesmo territórios fronteiriços controlados por rebeldes têm estado em alvoroço desde que os militares depuseram a líder civil Aung San Suu Kyi, no golpe de 1 de Fevereiro.

A junta tem como objectivo suprimir a dissidência por meio de uma repressão brutal envolvendo prisões em massa e um número crescente de mortos.

As manifestações começaram cedo no centro comercial de Yangon, quando os activistas pediram uma demonstração de força e uma “revolução de primavera”.

Os jovens se reuniram numa esquina antes de marchar rapidamente pelas ruas, dispersando-se logo em seguida para evitar confrontos com as autoridades.

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“Derrubar a ditadura militar é a nossa causa!” eles cantavam, acenando uma saudação de três dedos de resistência.

No leste do estado de Shan, os jovens carregavam uma faixa que dizia: “Não podemos ser governados de forma alguma.”

A imprensa local informou que as forças de segurança perseguiam e prendia os manifestantes.

“Eles estão a prender a todos os jovens que vêem”, disse uma fonte em Yangon à AFP, acrescentando que estava escondido.

“Agora estou preso.”

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As explosões de bombas também ocorreram em diferentes partes de Yangon no domingo. As explosões têm acontecido com frequência cada vez maior na ex-capital, e as autoridades culpam os “instigadores”.

Derramamento de sangue em todo o país

Até o momento, as forças de segurança mataram 759 civis, de acordo com o grupo de monitoria local, a Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP).

A junta – que rotulou a AAPP de organização ilegal – disse que 258 manifestantes foram mortos, junto com 17 policiais e sete soldados.

A violência irrompeu novamente no domingo, às 10h, no município de Hsipaw, no estado de Shan, quando as forças de segurança abriram fogo contra os manifestantes, matando pelo menos um.

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“Ele levou um tiro na cabeça e morreu imediatamente”, disse um manifestante, que disse que correu para esconder o corpo do seu amigo, caso as autoridades tentassem retirá-lo.

“Eles estão a pedir oseu cadáver, mas nós não os daremos … Teremos seu funeral hoje”, disse ele à AFP.

No norte do estado de Kachin, as forças de segurança também atiraram contra os manifestantes, chegando a lançar granadas contra a multidão.

Um homem de 33 anos foi baleado na cabeça, disse um outro manifestante à AFP, acrescentando que muitos outros ficaram feridos no ataque.

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“Todos eles tiveram que ser tratados numa área escondida. Eles não puderam ir ao hospital para tratamento ou seriam presos”, disse o manifestante.

Os centros urbanos se tornaram focos de agitação, especialmente em Yangon, onde os moradores compartilham vídeos de forças de segurança espancando civis nas ruas.

Ataques nocturnos e prisões também são comuns, com informantes relatando às autoridades sobre pessoas suspeitas de estarem ajudando o movimento anti-golpe.

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O jornal estatal Mirror Daily reportou que uma mulher acusada de apoiar um governo paralelo clandestino que se opunha à junta foi sentenciada por um tribunal militar a sete anos de prisão e trabalhos forçados.

Ela foi presa em North Dagon Township em Yangon – que está actualmente sob lei marcial – após a polícia invadir a sua casa e pesquisou os seus aplicativos de mensagens no Facebook e Telegram.

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