Viagens: O que gostei e o que não gostei no Dubai

Como já aqui disse no post que fiz sobre a minha ida ao deserto dos Emirados Árabes, a minha expetativa em relação ao Dubai, não era grande. De qualquer maneira, considero que quem tiver oportunidade de visitar o deve fazer. Mas, na minha opinião, 2 ou 3 dias são suficientes. Deixo aqui uma lista do que gostei e do que não gostei. Comecemos pelo bom!

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1- A segurança

Poucas vezes me senti tão segura num país como me senti no Dubai. O crime não compensa mesmo e o castigo é severo, por isso poucos se atrevem a pisar o risco. É frequente vermos mulheres a passearem sózinhas à noite na maior tranquilidade. Os carros ficam muitas vezes estacionados de janelas e portas abertas e quem lá vive nunca tranca a porta de casa.

2- A limpeza

O Dubai é imaculado. Não se vê um papel, uma beata, nada, no chão. Há caixotes de lixo e cinzeiros (para quem fuma) por todo o lado. Os shoppings e as casas de banho públicas parecem saídos daquele anúncio “o algodão não engana…”, lembram-se? Tudo cheira a limpo e tudo está realmente limpo!

3- A arquitetura

Para quem gosta de arquitetura, vai poder “tirar a barriga de misérias”. Há prédios fantásticos, dignos de prémios. Claro que é impressionante ver o Burj Khalifa de perto (pode aproveitar uma ida ao Dubai Mall, o tal maior shopping do mundo, e uma visita à famosa torre – a mais alta do mundo, também – , porque são lado a lado), mas eu adorei um prédio “torcido” que existe na marina. Achei genial mesmo.

4- A Rodovia

As estradas são brutais. Dizem, os entendidos, que são mal desenhadas, mas eu não dei por isso! Têm várias faixas (por vezes 6 para cada lado), são bem sinalizadas, o piso parece alcatifa, enfim… Aluguei um carro, instalei a aplicação de GPS Smart Drive no Iphone, e senti-me uma local. A gasolina é, obviamente, mais do que barata: com €20 enche um depósito grande. E não estou a falar de gasóleo!

5- O clima

A nossa Primavera (final de Março, Abril, Maio e ínicio de Junho) é a época ideal para ir ao Dubai. Não está aquele calor de cortar a respiração e a temperatura à noite é fantástica. O único senão, para mim, é a água do mar ainda não estar quente como gosto. Quando fui, no fim de Março, rondava os 23 graus, mas sei que aquece muito mais.

6- O souk do ouro

De longe a melhor surpresa do Dubai. E digo surpresa porque é completamente inesperado. É como se, de repente, viajassemos dos Estados Unidos à India ou ao Paquistão em minutos. Literalmente. Pode chegar-se ao souk de carro ou de barco. Eu, aconselhada por amigos que viveram no Dubai, fui de barco público (também há privados, mas a sensação não é a mesma…) e foi uma experiência incrível. Depois, o souk, considerado um dos maiores mercados de ouro do mundo, é imperdível. Joias lindas, a preços muito acessíveis (a única coisa barata no Dubai, a par da gasolina). Atenção que estamos num mercado árabe o que significa que todos os preços se discutem, mas os paquistaneses, que são a grande maioria dos comerciantes do souk, são seríssimos. Vale a pena ir com tempo para se perder!

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7- O alojamento

A oferta de hóteis no Dubai é imensa. Para todos os gostos e para todos os bolsos. Eu, depois de muita indecisão, optei por ficar num aparthotel (novo) na marina, o La Verda Dubai Marina Suites and Villas. Como fui com as minhas filhas, quis ficar num sitío central, com tudo por perto. E um apartamento (com serviço) torna-se mais cómodo, por ser mais espaçoso do que uma suite ou dois quartos num hotel. Este aparthotel onde fiquei é ótimo. O serviço é 5 estrelas, tem uma localização fantástica (imbatível mesmo: a 10 minutos a pé da praia, do Dubai Marina Mall, com dezenas de restaurantes a poucos passos, supermercado ao lado, etc), apartamentos grandes e muito bem equipados. O pequeno-almoço (incluído no preço) tem uma boa variedade e é servido no restaurante ou na esplanada em plena marina. Achei a relação qualidade/preço francamente boa.

E agora vamos ao que não gostei.

1- O confronto socio/economico

A sensação que tive quando cheguei ao Dubai foi a de que não se olha a dinheiro para atingir fins. Não que o dinheiro não tenha valor, mas é facilmente esbanjado. Um pouco como a água é para nós: precisamos dela mas facilmente a desperdiçamos…

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Acontece que o confronto entre a opulência e a falta é aterrador. A única vez que andei de taxi, saí a chorar. Gosto sempre de falar com os taxistas, acho que se fica a conhecer vidas que, se formos calados, nos escapam. Como tal, entrei no taxi, no regresso do souk do ouro ao hotel, e meti conversa com o motorista. Era paquistanês, (como a maioria), estava, tal como os seus colegas e os homens que trabalham nas obras, sózinho no Dubai (não lhes é permitido ter a família com eles), trabalhava 12 horas por dia sem folgas, só tinha férias para ir ao seu país de 2 em 2 anos, vivia num quarto (segundo ele, pequeno) com mais 20 (sim, leu bem, v-i-n-t-e) colegas, cozinhavam as refeições nesse quarto (o salário que ganham não lhes permite almoçar ou jantar em restaurantes), tinha de vestir sempre manga comprida (incluindo nos meses de julho e agosto, em que as temperaturas sobem muitas vezes até aos 48 graus) e, last but not the least, não tinha consigo o seu passaporte, uma vez que lho foi “confiscado” como garantia…

Toda esta conversa se passava durante o fim de semana em que o Dubai acolhe a afamada Dubai World Cup, este ano com um prize money de 30 milhões de dólares (sim, voltou a ler bem: t-r-i-n-t-a milhões!).

É claro que tudo é relativo: as condições que os taxistas ou os operários (que trabalham noite e dia – as obras nunca param) conseguem ter no Dubai são, mesmo assim, melhores do que as que têm nos seus países de origem.

Mas não será isto a “escravatura moderna” que muitos tentam denunciar?

2- A praia

Sou completamente apaixonada por praia e esperava bem mais das praias no Dubai. Mesmo sabendo que o forte dos emirados é o deserto, as suas praias devem, em tempos, ter sido boas. Acontece que a construção das célebres palmeiras (ilhas artificiais, que são bonitas vistas do ar, mas de terra nem tanto…) estragou a costa do Dubai. É difícil estar numa praia sem se ver construção, mesmo que estejamos virados para o mar. É como estar na praia de um rio sempre com a outra margem presente, mas, neste caso, com prédios e mais prédios, muitos deles em construção. Aquela sensação de olhar o mar e ver a linha do horizonte não existe. Esbarra-se sempre num Atlantis da vida ou num qualquer condomínio…

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Por outro lado, a construção é tanta que a areia parece contaminada por cimento e por pequenas pedras…

3- A realidade da mulher árabe

O papel da mulher na cultura árabe é sobejamente conhecido. Para nós, ocidentais, há muitas coisas que nos chocam até mesmo no Dubai, um emirado cosmolita, habitado maioritariamente por estrangeiros. É frequente verem-se mulheres árabes, todas tapadas (apenas com os olhos descobertos), a passearem uns passos atrás do seu marido, qual animal que segue o seu dono…

No último dia em que estive no Dubai jantei num restaurante na marina. Ao meu lado estava uma mesa com vários homens (cerca de 6), todos árabes. Reparei mais tarde que, noutra mesa do restaurante, estavam 6 mulheres vestidas de preto integral, todas a usarem o Nicabe, o tal véu que cobre o rosto só revelando os olhos (sempre maquilhados!). Eram obviamente as mulheres dos homens que estavam sentados perto de mim, mas não se podem misturar com eles.

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É impossível não darmos largas à imaginação sobre o que elas sentirão. Afinal, ali, a maioria é diferente delas: quase todos ocidentais, a jantar (ou a passear) animadamente em família e o confronto, tal como o socio/económico de que falei anteriormente falei, é muito próximo. E muito brutal.

Dicas úteis:

  • A oferta de hoteis no Dubai é imensa. Vale a pena programar com antecedência porque os preços são substancialmente mais baixos do que à última hora. Eu uso quase sempre a Booking.com e nunca tive qualquer problema.
  • Os restaurantes são caros e a maioria não serve alcoól. Só em alguns hoteis. Se optar, como eu, por alugar um apartamento e gostar de beber um copo de vinho de vez em quando, saiba que cada pessoa pode levar até 5 garrafas de vinho.
  • Apesar de ser um destino quente, na primavera, à noite, é fresco. É bom lembrar que estamos ao lado do deserto onde as oscilações de temperatura são grandes.
  • As mulheres podem andar vestidas normalmente no Dubai, mas em alguns sitíos, como, por exemplo, nos shoppings, aconselham saias abaixo dos joelhos ou calças e ombros cobertos.
  • As manifestações públicas de afeto também não são bem vistas. O máximo tolerável é andar de mão dada e, mesmo assim, deve evitar-se.
  • Por maior que seja a tentação, não fotografe grupos de homens ou mulheres árabes. Eles não gostam e podem levar a mal.
  • Não conheci Abu Dhabi o suficiente para me pronunciar. Apenas visitei a Grande Mesquita Sheikh Zayed, uma das maiores do mundo que, extamente pela imponência e grandiosidade vale a pena ser vista.

Se o Dubai faz parte dos seus planos de viagem, espero que este post lhe tenha sido útil. E não se esqueça: vá ao deserto!

Costumo dizer que, se mandasse no mundo, não deixaria ninguém morrer sem antes conhecer o deserto…

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