Ásia e Pacífico: Abusos levam mulheres a atear fogo no próprio corpo no Paquistão, diz estudo

Os abusos cometidos contra mulheres no Paquistão têm levado muitas delas a atear fogo nos próprios corpos, resultando em morte em diversos casos. Os dados foram divulgados pelo PIMS (Instituto de Ciências Médicas do Paquistão, da sigla em inglês) e reproduzidos pela Radio Free Europe nesta quina (1).

Mulheres casadas de baixa renda têm as maiores taxas de autoimolação ou suicídio dessa forma no Paquistão. O estudo indica que 75 mulheres atearam fogo no próprio corpo em um período de seis anos, contra apenas 18 homens. Dessas, 65% eram casadas, e a maioria delas vinha de áreas rurais com acesso restrito a educação.

Uma médica do International Medical Corps examina uma paciente em uma clínica móvel de saúde no Paquistão (Foto: Wikimedia Commons)

O fenômeno, relativamente raro em nações desenvolvidas, é bastante comum em países como Turquia, Irã, Afeganistão, Paquistão e outros do Sul da Ásia, aponta o estudo.

As causas vão desde a pobreza sistêmica, passando pela violência doméstica até as baixas taxas de alfabetização. Também contribui a oferta limitada de serviços de saúde mental, que aumenta o risco de comportamentos autodestrutivos. Conflitos conjugais e violência doméstica são frequentemente citados como desencadeadores.

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Problemas domésticos

Um estudo entre 154 pessoas com queimaduras autoinfligidas, realizado em um distrito rural na província de Sindh, no sul do Paquistão, indicou que 63% das pacientes do sexo feminino tentaram suicídio, contra 37% dos pacientes masculinos. A maioria das mulheres relatou “brigas familiares e desarmonia conjugal” como causas.

“As pacientes do sexo feminino sofrem em grande parte de problemas domésticos, como brigas com maridos ou parentes”, disse Ehmar Al-Ibran, chefe do centro de queimados do Hospital Civil de Karachi. “Às vezes, elas enfrentam violência doméstica todos os dias”.

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Violência de gênero

Uma pesquisa da Fundação Thomson Reuters indica que o Paquistão é o sexto país mais perigoso do mundo para as mulheres. Em 2020, mais de 2,2 mil mulheres sofreram alguma forma de violência, incluindo agressão sexual, violência doméstica e ataques com ácido. O número real, entretanto, é provavelmente muito maior, porque poucos casos são relatados.

Apesar dos avanços recentes na legislação de proteção à mulher no país, o cumprimento da lei tem sido reduzido. Muitas organizações de direitos das mulheres, como a Fundação Aurat, trabalham incansavelmente para aumentar a conscientização. De acordo com Mehnaz Rahman, diretora da entidade, as leis de proteção à mulher do país são louváveis, mas falta aplicá-las adequadamente.

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