Médio Oriente/guerra Hamas-Israel: O Qatar e o Egipto negociam a libertação de uma dúzia de reféns do Hamas

Pessoas acendem velas por baixo de uma parede com cartazes que identificam os reféns raptados por militantes palestinianos durante o ataque de 7 de outubro e atualmente detidos na Faixa de Gaza, numa vigília que exige uma ação governamental para o seu regresso, em frente ao Parlamento israelita (Knesset) em Jerualem, a 7 de novembro de 2023. (Fotografia de AHMAD GHARABLI / AFP)

Várias fontes informaram na quarta-feira que estavam a ser feitos progressos nas negociações para garantir a libertação de uma dúzia dos cerca de 240 reféns atualmente detidos pelo Hamas, em troca de uma trégua humanitária. O primeiro-ministro israelita, Benyamin Netanyahu, insistiu que não haveria cessar-fogo até que todos os reféns fossem libertados.

“A libertação de um grupo de reféns do Hamas em troca de uma “pausa na ofensiva israelita contra Gaza começa a ganhar forma”, observa El País. “Após 33 dias de cativeiro, a mediação entre o Qatar e a organização islamita que governa Gaza, combinada com contactos com os Estados Unidos e o Egipto, está prestes a dar frutos, com a libertação de dez a quinze reféns”, escreve o diário madrileno, citando as agências noticiosas AFP e Reuters.

Fontes egípcias e palestinianas garantiram também ao Ha’Aretz que “o Egipto está prestes a anunciar uma trégua humanitária na Faixa de Gaza em troca da libertação de vários reféns do Hamas” e que o acordo poderá ser anunciado “na quinta-feira”.

“Tem sido um longo caminho”, disse ao diário israelita uma fonte envolvida nas conversações. “Ainda não chegámos à meta, mas, ao contrário das negociações anteriores, estamos optimistas”, acrescentou a mesma fonte, descrevendo as discussões como “intensas”.

O Hamas mantém cerca de 240 reféns desde 7 de outubro, dia em que lançou a sua ofensiva mortal contra o Estado judeu, matando mais de 1400 pessoas. Desde então, apenas quatro foram libertados, por razões humanitárias: dois americanos e dois israelitas.

Os pormenores de qualquer eventualidade ainda não são “claros”, como refere a Al-Jazeera. Em particular, não se sabe “o número exato de reféns” que poderão ser libertados – entre dez e quinze, segundo o canal do Qatar. Quanto à trégua, esta poderá durar entre “um e três dias”, segundo o El País.

“Uma pausa de três dias permitiria verificar a identidade de todos os reféns e fornecer uma lista com os nomes dos que estão em poder do Hamas”, refere o USA Today. Segundo algumas fontes, seis dos reféns que estão prestes a ser libertados são americanos.

Netanyahu intratávela

“A estratégia do Hamas parece centrar-se na libertação de cidadãos estrangeiros, pessoas com dupla nacionalidade e casos humanitários, com o objetivo aparente de conquistar a opinião pública”, escreve a investigadora Devorah Margolin numa coluna de opinião para a MSNBC. Por outro lado, teme que os reféns “que só têm passaporte israelita” fiquem detidos durante mais tempo.

“Quanto mais tempo o Hamas conseguir continuar as negociações sobre os reféns, mais Israel estará sujeito a pressões nacionais e internacionais para adiar, ou pelo menos limitar, as suas operações terrestres em Gaza”, considera.

O The New York Times refere ainda que “até agora, as negociações têm-se centrado apenas na libertação dos reféns civis”. Os soldados israelitas detidos em Gaza “poderiam fazer parte de negociações separadas e ser trocados pelas centenas de mulheres e menores palestinianos detidos – sem terem sido acusados – nas prisões israelitas”.

Oficialmente, Benyamin Netanyahu mantém-se inflexível sobre a questão dos reféns e do cessar-fogo: “Não haverá cessar-fogo sem o regresso de [todos] os nossos reféns”, insistiu na quarta-feira, citado pelo The Times of Israel.

Descrevendo as últimas negociações como “rumores”, o primeiro-ministro israelita limitou-se a pedir ao presidente da Cruz Vermelha que “trabalhe para a libertação imediata” de todos os reféns, “tal como exigido pelo direito internacional”. Mas para a Al-Jazeera, Netanyahu acabará por “ficar sob pressão em Israel se houver alguma possibilidade de libertar mesmo alguns dos reféns, e se for possível chegar a um acordo”.

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