O antigo candidato presidencial moçambicano, Venâncio Mondlane, negou ter chamado os cidadãos a participarem em manifestações na segunda-feira.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) emitiu, no domingo, um aviso para que a população não participasse em manifestações “que coloquem em causa a ordem pública”. É provável que as autoridades pensassem nas protestos organizados por Mondlane após os resultados das eleições gerais de outubro de 2024, amplamente considerados fraudulentos.
No entanto, desta vez, Mondlane não pediu aos seus apoiantes que saíssem às ruas, mas sim que refletissem sobre o país em que desejam viver.
O contexto desta “reflexão”, segundo Mondlane, foi o primeiro aniversário do assassinato do seu advogado, Elvino Dias, em 19 de outubro de 2024.
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Anuncie aqui: clique já!Dias e Paulo Guambe, agente eleitoral do partido Podemos (Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique), foram emboscados e mortos a tiro numa zona densamente povoada de Maputo. A polícia afirma não ter feito progressos na identificação dos autores do crime.
As cerimónias em homenagem a Dias e Guambe, realizadas no domingo, coincidiram com a inauguração de um escritório do partido Anomola (Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo) no município urbano de Kamabukwana, em Maputo.
Mondlane declarou que Elvino Dias é o primeiro herói do partido. “Dias é atualmente o maior símbolo de resistência, o maior símbolo de luta que a Anomola tem a oferecer ao povo”, acrescentou.
Os participantes colocaram também uma coroa de flores no cemitério de Michafutene, onde Dias está sepultado.
Enquanto estas cerimónias decorreram sem incidentes, no distrito de Dondo, na província central de Sofala, as autoridades proibiram uma marcha planeada pela Anomola. Aproveitando a reunião de um grande número de apoiantes, os dirigentes do partido distribuíram cartões de membro da Anomola, embora não se saiba quantos cidadãos receberam os documentos.
Entretanto, a Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) manifestou a sua insatisfação com o facto de o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) ainda não ter apresentado resultados das investigações sobre o assassinato de Elvino Dias.
Na altura do crime, Dias estava a trabalhar nas contestações relativas à fraude eleitoral, que Mondlane e o Podemos pretendiam apresentar ao Conselho Constitucional, órgão mais alto em matéria de direito constitucional e eleitoral.
Em comunicado assinalando o aniversário, a OAM acusou as autoridades, incluindo a Procuradoria-Geral da República (PGR), de “atrasos injustificáveis e inaceitáveis”, alertando que o silêncio institucional prolongado minou a confiança na justiça e ameaça os alicerces da democracia.
“Até que este crime seja solucionado, a moralidade do sistema judicial estará sempre em questão. Elvino Dias foi assassinado pelo simples facto de exercer corajosamente a sua nobre profissão, num contexto em que os ataques às prerrogativas da advocacia, à independência, imparcialidade e autonomia técnica têm sido recorrentes”, afirma o comunicado da OAM.
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Comprar um espaço para minha empresa.O documento acrescenta que este caso constitui um ataque odioso e criminoso à liberdade de exercer a profissão e ao Estado de Direito.
A OAM alertou ainda: “Podemos ser os próximos, e há necessidade de solidariedade e unidade dentro da profissão”.
A Ordem reafirmou o seu compromisso com uma advocacia ética, de elevada qualidade e moderna, ao serviço da sociedade, prestando homenagem à memória do colega, símbolo eterno de coragem e integridade profissional.