África: Em Angola, João Lourenço ou a difícil candidatura do presidente cessante

O presidente angolano procura um segundo mandato num contexto económico complicado. A sondagem de 24 de Agosto deverá ser a mais tensa do país rico em petróleo desde o fim de uma longa guerra civil há duas décadas.

“Há um cansaço significativo em torno do presidente de 68 anos”, assegura Alex Vines, um especialista em África da Chatham House, uma vez que o entusiasmo em torno da sua ascensão ao poder em 2017 “dissipou em grande parte”. “Nas zonas urbanas, particularmente entre os jovens, há uma desilusão e um apetite significativo para votar”.

Muitos no país de língua portuguesa da África Austral de 33 milhões de habitantes dizem estar desapontados com a campanha anti-corrupção e as políticas económicas do Presidente Lourenço.


“O povo está a sofrer”


As sondagens mostram um apoio decrescente ao seu partido, o MPLA, que se encontra no poder desde a independência em 1975. “O povo está a sofrer, vive no lixo. Estas pessoas irão votar no presidente? Não me parece”, disse João Afonso, um contabilista de 60 anos na capital Luanda, à AFP.

De acordo com uma sondagem Afrobarómetro realizada em Maio, o principal partido da oposição UNITA estava à frente do MPLA por sete pontos, embora quase um em cada dois eleitores estivesse indeciso. O seu líder Adalberto Costa Júnior, ou “ACJ” como é conhecido, modernizou a antiga milícia rebelde numa força política e alargou a sua base, unindo forças com outros partidos. “Ele é carismático e consegue interessar os jovens nas cidades”, diz Marisa Lourenço, uma analista da consultora Control Risks. Em Luanda, os retratos de Lourenço e as bandeiras vermelha e verde da UNITA competem pelo espaço público.

Ninguém espera que a UNITA lidere, mas mesmo uma vitória apertada seria problemática para Lourenço, fomentando divisões no seio do partido no poder. “Este é um verdadeiro teste à sua popularidade, haverá uma forte pressão sobre Lourenço se o MPLA não tiver um bom desempenho”, acrescentou o analista.

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