África/Moçambique: Porto de Maputo quer investir no transporte ferroviário, que já cresceu 8% em 2023

A concessionária do porto de Maputo prevê investir nos próximos três anos 600 milhões de dólares (553,4 milhões de euros) na expansão da infraestrutura portuária, a primeira fase de investimento na adenda ao contrato de concessão, até 2058.

Mais de 1.500 camiões servem diariamente o porto de Maputo, mas a administração quer apostar no transporte ferroviário, que cresceu 8% em 2023, apesar de se prever uma prevalência do transporte rodoviário.

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Em entrevista à Lusa, o diretor executivo da Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC), Osório Lucas, explicou que, atualmente, 64% da carga movimentada pelo porto é transportada por camiões e a restante por ferrovia, predominando as exportações da África Austral.

“Não sei bem [porque] é tão pouco explorado. No ano passado, houve um crescimento de quase 8%, de um ano para o outro. Isso fez com que cerca de oito ou nove milhões de toneladas fossem transportadas pela linha férrea. Há muito trabalho a fazer, é verdade, e isso tem a ver não só com os CFM [Caminhos de Ferro de Moçambique], mas também com o operador ferroviário sul-africano”, observou.

O objetivo é passar nos próximos anos para um rácio de 55% rodoviário e 45% ferroviário, mas mantendo a tendência rodoviária. “Não vamos conseguir evitar isso, até porque o maior crescimento previsto no porto é o do terminal de contentores, dos actuais 270 mil, na fase final de investimento [em curso até 2058], para um milhão de contentores. E é muito provável que muitos desses contentores venham por via rodoviária”, disse Lucas

Ainda assim, afirma que o “objetivo é retirar algum do minério [exportado pela África do Sul via Maputo] da estrada para a linha férrea”. “Mas este não é um processo que possa ser feito de um dia para o outro”, avisa.

Acrescentou que os CFM e o porto de Maputo estão a finalizar um Plano Diretor Ferroviário-Portuário e que as duas empresas vão integrar os respectivos sistemas.

“Vamos ter visibilidade de toda a circulação ferroviária dentro do território moçambicano, a partir dos próximos 15 dias. Isto será uma mudança fundamental. E depois vamos ambos entrar em negociações com os operadores sul-africanos para garantir uma visibilidade ainda maior no sistema. Isso vai permitir uma melhor gestão dos recursos, o que acredito que vai promover um aumento de capacidade na ferrovia”, diz Lucas.

Ainda assim, ele insiste que o crescimento da carga ferroviária no porto de Maputo não aconteceu “à custa do aumento da carga rodoviária”.

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“Portanto, se a carga ferroviária cresceu 8%, a carga rodoviária cresceu a dois dígitos. E é este cenário que temos vindo a observar”, reconheceu o diretor executivo da MPDC, citando este como um exemplo de parceria público-privada, com o Estado e os privados “a trabalharem de forma integrada”.

A Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo é uma empresa privada moçambicana que resulta de uma parceria entre os Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e a Portus Indico, constituída pela Grindrod, DP World e Gestores de Moçambique.

A concessionária do porto de Maputo planeia duplicar o volume de carga movimentada anualmente até 2058, sendo que a dimensão do contrato e dos investimentos globais durante este período ascende a 2.060 milhões de dólares (1.900 milhões de euros).

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