Tom Cruise está de volta para aquela que poderá ser a última missão da sua carreira como Ethan Hunt. Aos 62 anos e com trinta anos dedicados à franquia de espionagem, o ator norte-americano apresentou em grande estilo o oitavo capítulo da saga — Mission: Impossible – The Final Reckoning — fora de competição no prestigiado Festival de Cannes, na sua 78.ª edição.
Apesar de ter sido recebido com uma ovação de pé de mais de cinco minutos, o novo filme de Christopher McQuarrie, estreado esta quarta-feira nas salas de cinema, parece não causar o mesmo impacto que outrora. A continuação direta do sétimo episódio, onde Ethan Hunt enfrenta um poderoso programa de inteligência artificial capaz de destruir o mundo, sofre com um ritmo arrastado, falta de ação e um excesso de nostalgia.
Demasiado longo e sem ritmo
Com uma duração de 2 horas e 49 minutos, os críticos apontam que a primeira hora do filme se arrasta num prólogo interminável, repleto de explicações técnicas que cansam o público. “Ao fim de uma hora de tutoriais pesados, a ação finalmente começa”, lamentam os jornalistas Olivier Delcroix e Étienne Sorin do Le Figaro. Já a revista Première afirma que é como “ver o trailer de um filme que nunca começa”, enquanto Télérama denuncia uma produção “demasiado séria, longa e confusa”, afogada em diálogos técnico-criptográficos.
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Comprar um espaço para minha empresa.Le Point concorda: “Demasiado Mission: Impossible mata Mission: Impossible. Este bolo de quase três horas repete os mesmos ingredientes, sem grandes surpresas.” O resultado? “O blockbuster mais deprimente do verão”, de acordo com a BBC, que o descreve como “um panfleto miserável e apocalíptico”, com uma narrativa sufocante e obscura, passada quase totalmente em túneis e nas profundezas do oceano.
Um best-of em vez de um guião original
Para além da duração, a crítica aponta também a falta de originalidade do enredo, mais próximo de uma compilação dos sete filmes anteriores do que de uma nova história. “Uma sucessão de flashbacks e momentos reciclados interrompe o desenrolar do filme”, critica o site Écran Large. Télérama reforça que o filme “se perde na nostalgia e na repetição. A música já é conhecida. Pena que se transforme em disco riscado.”
Ação e espetáculo salvam o filme?
Apesar das falhas, alguns momentos de ação ainda impressionam. O duelo aéreo entre dois biplanos é apontado como “o ponto alto do espetáculo”, com acrobacias de cortar a respiração protagonizadas por Tom Cruise, fiel à sua fama de ator-cascadeur.
Elogios à amizade e à figura de Cruise
Nem toda a crítica foi negativa. Le Parisien destaca que The Final Reckoning entrega tudo o que se espera de Mission: Impossible: “espírito de equipa, personagens marcantes, humor, perigo, ação e suspense, com Tom Cruise a brilhar num final completamente louco.”
La Croix enaltece o filme como “um belo elogio à amizade e à cooperação como antídoto para os desvios políticos e tecnológicos”. Ouest-France vê o filme como “um fascinante autorretrato de Tom Cruise”, enquanto o The Guardian não hesita em atribuir cinco estrelas, elogiando a diversão e os inúmeros flashbacks dos melhores momentos da saga. Para a Variety, é “o filme mais interessante desde o quarto, com uma verdadeira história e cascatas incríveis”.