Empresários brasileiros disseram que a visita de Lula da Silva a Angola, prevista para agosto, deve relançar as relações bilaterais entre Luanda e Brasília e pedem a abertura de linhas de crédito, sobretudo para o agronegócio.
Em declarações à Lusa na 38ª edição da Feira Internacional de Luanda (Filda), que se iniciou ontem, o chefe do setor de Promoção Comercial e Investimentos da embaixada do Brasil em Angola, Eduardo Lessa, deu conta de que a visita do chefe de Estado brasileiro continua a ser preparada em canais diplomáticos.
O diplomata brasileiro recordou que o Presidente Lula da Silva já manifestou publicamente o desejo de visitar Angola e que neste momento decorrem negociações com as autoridades angolanas sobre o momento desta « tão esperada visita ».
Brasil e Angola « têm uma cooperação estratégica desde 2010, além de ser o primeiro país a reconhecer a independência de Angola », lembrou.
« Os laços são centenários e a vinda do Presidente Lula é vista com muita expectativa aqui, justamente para relançar as relações entre os dois países », referiu Eduardo Lessa.
O Brasil está presente na Filda 2023 com empresas de vários setores da atividade, um certame que o responsável da embaixada do Brasil em Angola vê como elemento central para a promoção cultural de qualquer país.
« Após a eleição do Presidente Lula, África voltou a ser uma prioridade para a política externa brasileira e estar presente na Filda é importante não só do ponto de vista económico, mas também político », observou.
Disse ainda que o Brasil olha « com muita expectativa » a economia angolana, especialmente no campo da agricultura.
Investir na agricultura em Angola é o que faz o brasileiro Clemes Alves Fernandes, diretor da empresa Afroplant, empresa especializada em paisagismo, fruticultura, viveiros e na produção de arvores de fruta, também presente na FILDA.
« A grande expectativa nossa, desse evento, é que como Angola é um país agrícola e a Afroplant é uma empresa que traz boa genética, boas plantas, pode melhorar a vida do produtor rural », salientou.
Há 15 anos a operar no mercado angolano e a fornecer plantas nas 18 províncias do país, o empresário brasileiro afirma que o mercado angolano é « super favorável » para o agronegócio, pelas aptidões dos seus solos, água e clima.
Sobre o volume de negócios da Afroplant, Clemes Alves Fernandes referiu que a atual crise concorreu para a redução do volume de negócios, que não especificou, considerando, no entanto, que o momento « não é para desânimo ».
« É com a crise que se cresce e estamos a apostar que vamos dar a volta por cima e o agronegócio vai sobreviver a essa tempestade », acredita.
Em relação à visita do Presidente da República Federativa do Brasil a Angola, este empresário disse ser grande a expectativa, sobretudo porque o seu país « sempre dita as regras no mundo a nível de tecnologia de produção ».
« Obviamente que, nós, do agronegócio, acreditamos em linhas de crédito e que também podemos nos beneficiar disso, que abram linhas de crédito para que as empresas e o agronegócio angolano beneficiem de linhas brasileiras », rematou. A 38ª edição da FILDA, inaugurada pelo Presidente angolano, João Lourenço, decorre na Zona Económica Especial (ZEE) Luanda-Bengo, até sábado.