O risco global para a estabilidade financeira em Moçambique diminuiu nos últimos três anos, devido às políticas monetárias adoptadas pelo Banco Central. O rácio de solvabilidade das instituições financeiras encontra-se acima do recomendado e o crédito mal parado reduziu.
“Os bancos moçambicanos estão bem capitalizados e reportam rendimentos elevados sobre seus investimentos em activos do balanço, com as disponibilidades e aplicações em instituições de crédito a registarem crescimento”, indica o Banco de Moçambique no seu Boletim de Estabilidade Financeira de 2019, divulgado há dias.
Porém, o regulador do sistema financeiro nacional alerta para alguns riscos de instabilidade macroeconómica, com destaque para o elevado nível de endividamento público, baixa qualidade de crédito e tensão político-militar.
“Os níveis de dívida das sociedades não financeiras, das empresas públicas e dos particulares continuam elevados. A principal vulnerabilidade no sistema financeiro moçambicano é o elevado nível de endividamento no sector público, conjugado com o baixo crescimento económico. A qualidade da carteira de crédito dos bancos mostra sinais de deterioração, mas os bancos reportam elevadas taxas de solvência e lucratividade”, refere o Boletim de Estabilidade Financeira.
A composição do sistema financeiro é outro dos ricos apontados pelo Banco Central, devido ao domínio dos três maiores bancos, mostrando a sua importância no sistema e elevando os riscos de instabilidade financeira em caso de falência de um dos bancos.
“Este nível de concentração bancária limita a concorrência entre os bancos comerciais em termos de produtos e preços (taxas de empréstimos e depósitos). De igual modo, aumenta o risco de contágio se um dos três principais bancos enfrentar desequilíbrio financeiro”, refere o Boletim do Banco de Moçambique.
O histórico de conflitos pós-eleições no país, também mereceu destaque da síntese do Banco Central, que antevê aumento dos custos financeiros no sistema bancário, ou seja, as operações bancárias poderão ficar mais caras para os clientes.
“Os ataques armados na região norte de Cabo Delgado são também um elemento de preocupação do sistema bancário, particularmente, no que diz respeito aos projectos de expansão da banca aos distritos afectados, restringindo os investimentos e, consequentemente, limitando a inclusão financeira”, refere o Banco Central.