Após anos de instabilidade devido a ataques terroristas, a região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, vive agora dias de relativa estabilidade. E isso traz esperança aos empresários locais.

A relativa estabilidade que se vive em muitas regiões de Cabo Delgado, anteriormente alvo de incursões terroristas, está a trazer esperança aos agentes económicos locais. Muitos empresários estão a reabrir as suas empresas, impulsionando a recuperação económica da região.
O presidente do Conselho Empresarial provincial, Mamudo Irache, destaca que diversos setores estão a voltar à normalidade.
« No distrito de Palma já temos 285 [empresas que reabriram]. Isso é um bom sinal. No distrito de Macomia já estamos a reconstruir as nossas infraestruturas comerciais. Em Quissanga, o Governo do distrito estabeleceu-se recentemente e os empresários já estão a mobilizar-se para estarem dentro do distrito », conta.
Áreas recuperam estabilidade
Mocímboa da Praia, que foi o berço do extremismo violento e ocupada pelos terroristas por cerca de um ano, agora está a recuperar, tendo mais de 400 empreendimentos comerciais retomado sua atividade.
No distrito de Palma, 285 empresas já reabriram e em Macomia, as infraestruturas comerciais estão a ser reconstruídas.
Em Quissanga, o governo do distrito foi restabelecido recentemente, e os empresários mobilizam-se para se estabelecerem na região.
Os ataques terroristas afetaram um total de 4965 empresas, desde microempresas até grandes empresas.
Questionado sobre a origem dos recursos para a reinstalação das empresas, Mamudo Irache explica que o setor empresarial em Cabo Delgado criou um método de empréstimo entre os agentes económicos, já que os apoios governamentais estão focados principalmente em questões humanitárias.
« Nós fomos perceber que os apoios simplesmente estão mais concentrados na fase humanitária e não na fase dos empresários. Não tendo essa possibilidade de receber apoio ao nível do governo, nós – como empresários – criámos um modelo de cooperação », afirma.

Relançamento do setor privado
Como parte do Plano de Reconstrução de Cabo Delgado, o Ministério da Indústria e Comércio criou o Programa de Relançamento do Setor Privado (PRSP III), que oferece apoio financeiro aos empresários afetados pelo terrorismo por meio de créditos reembolsáveis. Até o momento, 174 empresários receberam financiamento e estão retomando seus negócios.
Nocif Magaia, diretor da Direção Provincial de Indústria e Comércio em Cabo Delgado, destaca que o projeto PRESP permitiu alocar 35 milhões de meticais para os agentes económicos em sete distritos afetados pelo terrorismo.
« O grande propósito deste projeto PRESP era relançar a atividade económica que tinha sido duramente afetada pela instabilidade. Este propósito foi atingido: 98% dos projetos financiados estão a ser executados pelos beneficiário », revela Magia.
« Através do PRESP utilizamos agências de microcrédito locais que também se beneficiaram deste processo para relançar a sua atividade de crédito a nível rural », conclui.
Medidas de estímulo à economia
Recentemente, o presidente da Assembleia Provincial de Cabo Delgado, Francisco Loureiro, defendeu a criação de medidas específicas de estímulo à economia na região, considerando as dificuldades enfrentadas devido ao extremismo violento.
Loureiro questionou o Gabinete de Reformas Económicas no Ministério de Economia e Finanças sobre a possibilidade de incentivos para atrair trabalhadores e empresários para as áreas afetadas.
« Portanto, que incentivos podemos dar ou abrir mão ainda para que possamos incentivar pessoas a irem nessas zonas trabalhar e fazer negócio? », pergunta.
O presidente da Assembleia Provincial de Cabo Delgado é de opinião que a estabilização de Cabo Delgado é um processo contínuo, e que é necessário um esforço conjunto do governo, empresários e comunidade para impulsionar a recuperação económica e garantir um futuro próspero para a região.
