Na terça-feira, Donald Trump comparou os seus problemas com o sistema judicial americano a uma perseguição política e comparou o seu destino ao do opositor russo Alexei Navalny, que morreu na prisão na semana passada.

O ex-presidente foi multado em 355 milhões de dólares, na sexta-feira, por ter cometido uma fraude financeira ao inflacionar maciçamente o valor do seu império imobiliário, a fim de obter financiamentos mais favoráveis junto dos bancos.

Comparou a pena com o tratamento dado ao principal opositor de Vladimir Putin na Rússia.

“É uma forma de Navalny. É uma forma de comunismo ou de fascismo”, disse numa reunião pública na Carolina do Sul.

O juiz que o condenou é “um louco”, acrescentou. “Este tipo decidiu que eu era culpado antes do início do julgamento.

Desafiado por um jornalista da Fox News, Trump não mencionou Putin. Limitou-se a saudar Navalny como um “homem muito corajoso” que “provavelmente teria sido melhor ficar longe e falar de fora do país”, em vez de regressar voluntariamente à Rússia.

“Isto também está a acontecer no nosso país”, alertou. “Estamos a tornar-nos um país comunista em muitos aspectos”.

“Tenho oito ou nove processos em tribunal porque […] estou envolvido na política”, afirmou.

Estes comentários surgem após a polémica inicial causada pelo silêncio do republicano face à morte de Navalny, que morreu na sexta-feira numa prisão russa.

A sua morte provocou uma onda de indignação nos países ocidentais e o Presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou na sexta-feira que Putin era o responsável.

Mas Donald Trump não reagiu imediatamente e foi atacado pela sua rival para a nomeação republicana, Nikki Haley.

“O facto de ele não ter dito nada sobre Navalny [mostra] que ou está do lado de Putin e acha que é bom que ele mate os seus opositores políticos, ou simplesmente não acha que este seja um caso importante”, disse ela no domingo.

O ex-presidente está agora a usar este caso para argumentar que existe uma cabala contra ele, sem nunca mencionar Vladimir Putin. Na segunda-feira, saiu do seu silêncio na sua rede social Truth para avançar com esta tese, denunciando os “juízes radicais de esquerda do SCORING”.

Para além deste processo civil relativo ao seu império imobiliário, de que recorreu, Donald Trump é também acusado em quatro processos criminais relativos à sua atividade de lobby após as eleições de 2020, à manipulação de documentos confidenciais ou aos pagamentos para silenciar uma antiga estrela porno que afirma ter tido um caso extraconjugal com ele.

No total, enfrenta 91 acusações.