Cinco meses após a morte da filha mais nova, Sara Carreira, que perdeu a vida num trágico acidente de viação, aos 21 anos, Tony Carreira dá a primeira entrevista onde fala sobre a dor que desde dezembro vive no seu coração. O cantor esteve à conversa com Manuel Luís Goucha.
« Deixa-me começar por dizer, querido Tony, obrigada », foi desta forma que Goucha deu início à entrevista.
O cantor retribuiu o agradecimento e realçou a importância que o apresentador teve no seu processo de luto.
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« Se alguém realmente me apoiou muito neste deserto foste tu, outras pessoas também, claro, mas tu foste muito especial nisto », começou por referir.
Seguiram-se as pesadas palavras nas quais Tony Carreira admite não encontrar agora sentido para que a sua vida continue.
« Estou a tentar encontrar um sentido, mas é muito complicado responder a essa pergunta. É evidente que tenho mais dois filhos, e eles percebem quando o meu discurso é tão apático quanto este. Eles percebem que é a dor que está a falar, porque é claro que a vida tem de ter sentido, tenho mais dois rapazes e tenho de me agarrar a eles… », diz.
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« Já não conto, porque já deixei de pensar em mim no fundo, mas espero através da associação da minha filha encontrar sentido. Espero encontrar sentido através dos meus filhos, estou à espera de respostas, estou á espera de tentar perceber o porquê da vida ser tão injusta », confessa, sem medo de assumir o quanto sofreu e ainda está a sofrer.
« Quando a minha filha partiu foi…. uma violência extrema. Morri por dentro, ainda estou a tentar encontra alguma vida cá dentro. Não tenho problema em dizer que bebi mais do que devia, andei ali uns tempos… parecia um zombie », admite.
« Depois veio alguma violência, fui injusto com pessoas que amo muito, fui agressivo com o mundo inteiro. Revoltei-me contra o mundo inteiro, neste momento estou à procura de, através de alguma fé, a fé que me resta, encontrar algumas respostas », realça.
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Hoje, Tony garante que se tenta agarrar « à vida depois da morte ». Na esperança de voltar a reencontrar-se com a filha, o músico quer agora tornar-se uma pessoa ainda melhor.
Tony sofre com a dor, as saudades e a falta que a filha lhe faz.
« Há duas certezas que eu tenho, uma delas é que nunca mais volto a ver a minha filha e a outra certeza é que nunca mais serei o mesmo », lamenta.
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« A única coisa que me pode realmente ajudar-me é agarrar-me à associação da minha filha – Associação Sara Carreira -, fazer o bem e acreditar que o caminho que me resta cá não será assim tão longo », diz, admitindo que gostava de morrer cedo.
« Se chegar aos 100 anos será um grande castigo », atira, garantindo contudo que « jamais » seria capaz de terminar com a própria vida.
« A Sara era luz, era alegria, era a minha princesa, era a mulher da minha vida como eu disse muitas vezes », conta Tony, que todos os dias vai ao cemitério conversar com a filha.
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