Contestado pela gestão da pandemia de Covid-19, Andrew Cuomo, governador do Estado de Nova Iorque, vai enfrentar também uma investigação por assédio sexual, confirmou a procuradoria estadual.
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Depois de duas ex-funcionárias de Cuomo terem nos últimos dias acusado Cuomo de assédio – em contatos que o governador eleito pelo partido democrata descreve como « brincadeiras » – hoje a procuradora estadual Letitia James disse estarem reunidas as condições para a investigação avançar.
O executivo do Estado « deu-nos hoje a autoridade para avançar com uma investigação independente a alegações de assédio sexual contra o governador », refere nota da procuradora.
« Esta não é uma responsabilidade que encaremos de forma ligeira, devendo sempre alegações de assédio sexual ser levadas seriamente », adiantou.
No ofício do executivo à procuradoria, a conselheira do governador Beth Garvey afirma que todos os funcionários do Estado de Nova Iorque receberam instruções para colaborar de forma cabal com as investigações.
As conclusões serão tornadas públicas, através de um relatório.
Lindsey Boylan, ex-conselheira económica de Cuomo, de 36 anos, acusou o governador de a beijar e tocar forçadamente, mas também « uma cultura dentro da sua administração na qual o assédio sexual e moral é tão generalizado que é aceite e até esperado ».
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Segundo Boylan, entre 2015 e 2018 Cuomo propos-lhe várias vezes que jogassem « strip poker », um jogo de cartas em que quem perde os lances se vai despindo.
Uma ex-conselheira para políticas de saúde, Charlotte Bennett, de 25 anos, disse ao The New York Times que o governador lhe fez uma série de perguntas pessoais quando estavam ambos sozinhos no seu escritório, em junho de 2020, incluindo se já tinha tido relações sexuais com homens mais velhos.
No domingo, Cuomo recusou ter tocado alguma funcionária de forma inapropriada e que algumas tentativas de « brincadeiras » foram tiradas de contexto.
« Entendo agora que as minhas interações possam ter sido insensíveis ou demasiado pessoais e que alguns dos meus comentários, dada a minha posição, fizeram outros sentir-se de uma forma que nunca pretendi que se sentissem », disse o governador.
Também o « mayor » democrata da cidade de Nova Iorque, Bill de Blasio, defendeu o regresso a uma « governação normal no Estado », com a retirada dos poderes especiais a Cuomo, algo que os legisladores estaduais republicanos vêm defendendo.
A nível estadual, os legisladores republicanos têm também vindo a apelar a investigações judiciais a Cuomo e o líder da minoria republicana na Câmara estadual, Will Barclay, defende que o governador deve imediatamente ficar sem os seus poderes de gestão de emergência, que irão expirar em abril.
Um relatório do final de janeiro da procuradora-geral do Estado, a democrata Laetitia James, deu conta de erros na contabilização de vítimas nos lares de idosos estaduais.
Em vez de 8.500 vítimas mortais inicialmente reportadas, o número real estará próximo das 15 mil, admite agora o Governo estadual, que atribui a diferença a uma « recategorização » – inicialmente, eram contadas apenas as vítimas mortais em lares e não as mortes que ocorriam já em hospital.