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Internacional/África: Greve dos taxistas mergulha Luanda no caos: mais de mil detenções e cinco mortos registados

Violência, detenções em massa e pilhagens tomam conta de Luanda após aumento do preço do combustível. População exige recuo do governo enquanto o país assiste a uma escalada da tensão social.

Comércio vandalizado, confrontos com a polícia e tensão crescente após aumento do preço do combustível na capital angolana

Desde segunda-feira, 28 de julho, a cidade de Luanda tem sido palco de violentos confrontos e pilhagens, no contexto de uma greve de três dias convocada por taxistas para protestar contra o aumento dos preços da gasolina decretado pelas autoridades angolanas no início do mês.

Segundo informações avançadas pela polícia, os enfrentamentos já provocaram pelo menos cinco mortos e mais de 1.200 detenções. A onda de vandalismo já afetou dezenas de estabelecimentos comerciais e destruiu diversos veículos, tanto públicos como privados.

Aumento dos combustíveis despoleta revolta popular

Em Angola, segundo maior produtor de petróleo em África depois da Nigéria, a medida do governo de aumentar o preço da gasolina subsidiada de 300 para 400 kwanzas por litro (cerca de 0,33 para 0,43 dólares), implementada a 1 de julho, desencadeou fortes reações populares.

Logo no primeiro dia de greve, Luanda mergulhou no caos: ruas bloqueadas, lojas saqueadas e confrontos diretos com a polícia. Na noite de terça-feira, 29 de julho, o porta-voz da polícia, Mateus Rodrigues, confirmou a prisão de 1.214 suspeitos, número que poderá aumentar à medida que as investigações prosseguem.

Sindicatos condenam violência e distanciam-se dos distúrbios

O movimento de contestação começa a alastrar-se para outras cidades do país, mas o Sindicato dos Taxistas apressou-se a condenar os atos de violência e negar qualquer envolvimento direto. O líder sindical, Geraldo Wanga, criticou ainda a prisão arbitrária de alguns membros da sua organização, afirmando que foram injustamente acusados de incitamento à violência.

Apesar do encerramento de bancos e lojas, os saques prosseguiram esta terça-feira, perante a impotência dos comerciantes e a presença das forças policiais.

« Os jovens não querem saber se a loja pertence a um angolano, a um guineense ou a quem for. Se veem oportunidade de saquear, não hesitam, mesmo com a polícia por perto », lamentou Saliou Diallo, comerciante guineense há mais de dez anos em Luanda.

Medida económica com impacto social explosivo

A subida do preço do combustível foi justificada pelas autoridades como necessária para o equilíbrio das finanças públicas, mas teve um impacto devastador sobre os pequenos comerciantes e cidadãos comuns. Muitos apelam agora à revogação imediata da medida, temendo que a situação fuja ao controlo e leve a um cenário de instabilidade prolongada no país.

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