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Amosse Mucavele apresenta o seu segundo livro de poesia esta quinta-feira, na cidade de Maputo. A cerimónia de apresentação do livro pode ser acompanhada pelas redes sociais da Alcance Editores. O livro de Amosse Mucavele será apresentado por Carlos Mondlane e Rui Lamarques.

Não se trata de uma pedagogia comum. O que Amosse Mucavele vai apresentar ao público, esta quinta, é da ausência. Melhor dizendo, Pedagogia da ausência, um livro de poemas escrito como se o autor rebuscasse a infância para contar a sua história e, assim, costurar memórias.

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Através do seu novo livro, o poeta pretende enaltecer a importância das pessoas que, actualmente, estão ausentes da sua vida. De igual modo, Amosse Mucavele propõe-se, através da sua versificação, revisitar lugares e os desígnios que incorporam o seu meio familiar.

Pedagogia da ausência é uma espécie de manual de instruções para afogar as mágoas. O autor tem o livro como retrato fiel daquilo que é como pessoa e como poeta. O livro é de carácter muito intimista, cujos versos carregam uma narrativa imaginária e entrelaça-se entre a história, a imaginação e a memória.

De facto, Pedagogia da ausência é o segundo livro de Amosse Mucavele. No entanto foi escrito antes da publicação de Geografia do olhar. O poeta não o publicou antes do livro de estreia porque calculou que os poemas não estavam prontos, na altura, afinal foi, para si, de uma escrita muito complexa. “O livro exigiu de mim uma introspecção muito forte e um trabalho de pesquisa em relação à memória da família. Trabalhei muito e chorei quando escrevi sobre a minha mãe e sobre os meus avôs, que me construíram como pessoa. O desaparecimento deles deixou um enorme vazio em mim” – Entre os poemas mais difíceis de escrever, afirmou Amosse Mucavele, estão “A casa” e “Reencontrar o amor”, escritos em quatro meses.

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Mucavele revela que escreveu o livro como se montasse uma exposição fotográfica, em jeito de uma espécie de retrato fiel da sua casa. “Escrevi este livro, primeiro, para mim mesmo, para tentar compensar as ausências”.

O poeta esclarece que escolheu o título do livro por representar o itinerário do silêncio que a mãe e os avôs deixaram, que partiram muito cedo, “antes de me fazer homem. Queria os ter pelo menos por mais 10 anos, para que vissem que tipo de homem me tornei. A minha mãe partiu em 2010 e os meus avôs em 2015 e 2016”.

Ainda que o livro parta de uma experiência vivencial, Mucavele garante que quem for a ler o livro não lhe vai conhecer melhor por isso. “As pessoas podem aproveitar a leitura do livro para um autodescobrimento dos seus próprios silêncios. Penso que os leitores podem se reencontrar e aproximar-se a partir desta poesia, até porque escrevo sobre a ideia de que a minha dor, o meu silêncio e o meu medo podem ser dos outros também. Este livro é uma espécie de relatório de expedição de um poeta que está em via de transição a cada dia que passa”.

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Pedagogia da ausência é constituído por duas partes, designadamente: ”seminários sobre lugares”, onde há procura das pessoas que partiram sem despedida, secção de medos de rios e mares. “Eu tenho uma relação de amor e ódio com os rios e o mar, que é intrínseca à minha formação poética”. A segunda parte é intitulada “Migrações”, onde se podem evidenciar mais ou menos a procura de mapas sobre certos lugares e geografias.

Por fim, este segundo livro de Amosse Mucavele é sobre navegações de um espaço físico variável, íntimo, único. “Viajo por uma pirâmide sobre a solidão e a ausência. São poemas que resumem os meus mapas interiores”.

Fonte: O País

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