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Internacional/Ásia: Conflito entre Tailândia e Camboja agrava-se: Primeiro-ministro tailandês alerta para risco de guerra

Escalada de violência na fronteira já provocou pelo menos 16 mortos e mais de 100 mil deslocados, enquanto a comunidade internacional apela a um cessar-fogo urgente

O primeiro-ministro interino da Tailândia, Phumtham Wechayachai, alertou esta quinta-feira que os confrontos com o Camboja na fronteira comum podem “evoluir para uma guerra”. O aviso surge no momento em que o conflito territorial, cuja origem remonta a mais de um século, entra no segundo dia de intensos combates.

Na Tailândia, as províncias de Ubon Ratchathani e Surin foram palco de violentos ataques com rockets e artilharia pesada, que deixaram dezenas de feridos e obrigaram mais de 100 mil pessoas a abandonar as suas casas. No Camboja, cerca de 1.500 famílias da província de Oddar Meanchey foram evacuadas.

Apelos internacionais ao cessar-fogo

O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, que preside à Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), apelou publicamente a um “cessar-fogo imediato” entre as duas nações.

“Acolho com agrado os sinais positivos e a disponibilidade demonstrada por Banguecoque e Phnom Penh para considerarem esta via de resolução”, escreveu Anwar na sua página de Facebook, na noite de quinta-feira.

Apesar do otimismo manifestado, os combates prosseguiram durante a noite.

Mortes e relatos de ataques traumáticos

Segundo as autoridades tailandesas, 14 civis e um soldado foram mortos até ao momento. Do lado cambojano, as autoridades confirmaram pelo menos um civil morto em Oddar Meanchey.

No centro desportivo da província de Surin, agora transformado em abrigo de emergência, evacuados — entre os quais muitas crianças e idosos — relataram o terror vivido durante os bombardeamentos.
Idosos que sobreviveram à guerra civil cambojana dos anos 1980 disseram à BBC que “estes ataques são os piores que já viveram”.

Reações dos Estados Unidos, China e União Europeia

Os EUA pediram o “fim imediato das hostilidades” e proteção dos civis. O porta-voz do Departamento de Estado, Tommy Pigott, declarou:

“Estamos profundamente preocupados com a escalada de violência na fronteira entre Tailândia e Camboja e consternados com os relatos de vítimas civis.”

A China, país com laços estratégicos com ambos os governos, apelou à calma e disse estar “profundamente preocupada”, manifestando a esperança de que os dois lados “resolvam as divergências através do diálogo e da consulta”.

Austrália, União Europeia e França também apelaram ao restabelecimento da paz.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas deverá reunir-se esta sexta-feira para debater a crise.

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Acusações mútuas e origem do conflito

Os dois países acusam-se mutuamente de terem iniciado os combates.
A Tailândia afirma que tudo começou quando o exército cambojano utilizou drones para fazer vigilância de tropas tailandesas. Phnom Penh, por sua vez, diz que foram os soldados tailandeses que violaram um acordo anterior ao aproximar-se de um templo khmer-hindu situado perto da fronteira.

O litígio fronteiriço remonta à época colonial, após a ocupação francesa do Camboja, e tem gerado episódios esporádicos de violência ao longo das décadas, com baixas civis e militares em ambos os lados.
As tensões intensificaram-se em maio, depois da morte de um soldado cambojano, mergulhando as relações bilaterais no ponto mais baixo dos últimos dez anos.