O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou esta quinta-feira, 24 de julho, que a França reconhecerá oficialmente o Estado da Palestina em setembro, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas. A declaração foi feita através das redes sociais X (antigo Twitter) e Instagram, onde Macron reafirmou o compromisso histórico do país com “uma paz justa e duradoura no Médio Oriente”.
“Fiel ao seu compromisso histórico por uma paz justa e duradoura no Médio Oriente, decidi que a França reconhecerá o Estado da Palestina. Farei esse anúncio solene na Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro próximo”, escreveu o chefe de Estado.
A iniciativa surge num momento em que os esforços diplomáticos para alcançar um cessar-fogo em Gaza fracassaram, segundo confirmou o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, após o colapso das negociações em Doha.
Conferência internacional coorganizada com a Arábia Saudita
Macron revelou ainda que a França coorganizará com a Arábia Saudita uma conferência internacional ao mais alto nível, destinada a relançar a chamada “solução dos dois Estados”, um palestiniano e outro israelita. Inicialmente prevista para junho, a conferência foi adiada devido à escalada da guerra entre Israel e o Irão. Antes disso, uma reunião ministerial será realizada a 28 e 29 de julho, em Nova Iorque.
Publicidade_Pagina_Interna_Bloco X3_(330px X 160px)
Comprar um espaço para minha empresa.Reações internacionais e acusações de Israel
A resposta israelita foi imediata. Telavive criticou a decisão francesa como uma “recompensa ao terrorismo”, acusando Paris de legitimar o Hamas. Em contrapartida, Riade aplaudiu o gesto, vendo nele um passo positivo para desbloquear o processo de paz.
Divisões na política francesa: da “decisão precipitada” à “vitória moral”
Em França, o anúncio causou forte divisão entre os partidos políticos.
Na extrema-direita, Jordan Bardella, líder do Rassemblement National (RN), lamentou “uma decisão precipitada, motivada por cálculos pessoais”, alertando que ela poderia “oferecer legitimidade institucional e internacional ao Hamas”.
Éric Ciotti, presidente da União das Direitas pela República (UDR), reforçou a crítica, considerando a decisão “indecente após os massacres de 7 de outubro”.
À esquerda, Jean-Luc Mélenchon, líder da França Insubmissa (LFI), celebrou “uma vitória moral”, embora criticasse o adiamento da decisão para setembro.
“Por que esperar até setembro? E o embargo de armas? Queremos o fim imediato do genocídio”, escreveu no X.
A dirigente ecologista Marine Tondelier declarou:
“Antes tarde do que nunca. Esperemos que esta decisão ajude desde já os gazenses vítimas de um genocídio em curso.”
Fabien Roussel, secretário do Partido Comunista Francês, exigiu que Macron atue imediatamente:
“A paz não pode esperar. Que ele sancione Netanyahu e o seu governo já!”
Olivier Faure, do Partido Socialista, saudou a iniciativa, mas exigiu sanções enquanto durar o genocídio:
“A União Europeia não pode mais contentar-se com palavras.”
Publicidade_Página Home_Banner_(1700px X 400px)
Anuncie aqui: clique já!Apoio do governo e antigos líderes
Na ala governamental, a reação foi de aplauso e alinhamento.
Marc Fesneau, presidente do grupo MoDem na Assembleia Nacional, elogiou Macron pela “decisão histórica”.
Elisabeth Borne, ministra da Educação, defendeu que a solução dos dois Estados é o único caminho para a paz e segurança duradouras no Médio Oriente.
O ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin também considerou a decisão “histórica e corajosa”, afirmando que “honra os valores universais da França”. No entanto, alertou que o país deve agir já com uma grande operação humanitária internacional para levar medicamentos e alimentos diretamente a Gaza.