O Governo moçambicano prevê que 93,9% da despesa do Estado em 2026 seja canalizada para o funcionamento da máquina pública — de salários a encargos com a dívida — deixando apenas 6,1% para investimento interno, segundo projeções do Cenário Fiscal de Médio Prazo (CFMP) 2026-2028, já aprovado pelo Conselho de Ministros.
Só com despesas com o pessoal, o executivo estima gastar quase 214.253 milhões de meticais (2.878 milhões de euros), o que equivale a 47,3% da despesa total. Este peso mantém-se como a principal rubrica da despesa corrente, refletindo o impacto contínuo da reforma salarial.
A aquisição de bens e serviços está orçamentada em 28.965 milhões de meticais (389 milhões de euros), num esforço declarado de contenção e racionalização da despesa administrativa. Já os encargos com os juros da dívida pública atingem 67.616 milhões de meticais (909 milhões de euros), dos quais 56.472 milhões (758,7 milhões de euros) referem-se à dívida interna.
O relatório sublinha que a redução da componente externa da dívida reflete uma tentativa de reequilibrar o perfil de endividamento. Para operações financeiras, incluindo amortizações, o orçamento de 2026 prevê 62.794 milhões de meticais (843,6 milhões de euros).
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Comprar um espaço para minha empresa.As transferências correntes do Estado deverão totalizar 46.965 milhões de meticais (631 milhões de euros), com destaque para as transferências para famílias — 34.912 milhões de meticais (469 milhões de euros) — realizadas essencialmente através de pensões e programas de proteção social.
Por sua vez, as despesas de investimento interno estão projetadas em 27.778 milhões de meticais (373,2 milhões de euros), apenas 6,1% da despesa total. O documento afirma que estas verbas serão orientadas para projetos com elevado impacto económico e social, mas a sua dimensão continua limitada face às necessidades do país.
Segundo o CFMP, o perfil de despesa para 2026 procura assegurar a continuidade dos serviços públicos essenciais, honrar compromissos financeiros e retomar gradualmente o investimento público. O Governo defende que as medidas de contenção da despesa corrente, associadas à priorização de investimentos estratégicos e à melhoria da qualidade da despesa, são cruciais para garantir a sustentabilidade orçamental e criar espaço fiscal no médio prazo.
A estratégia apresentada mantém a consolidação fiscal gradual, procurando preservar a capacidade do Estado de financiar políticas de inclusão social, crescimento económico e resiliência institucional — ainda que o espaço para novos investimentos permaneça reduzido.