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Moçambique/Economia: Syrah Resources reabre mina de grafite em Balama após crise social e promete indemnizações a camponeses

Depois de meses de tensão social, protestos e paralisações, a mineradora australiana relança operações em Cabo Delgado e anuncia compensações de 1,5 milhão de dólares aos camponeses afectados pelo projecto.

A empresa australiana Syrah Resources, por meio da sua subsidiária Twigg Exploration and Mining, comunicou que irá investir 1,5 milhão de dólares no processo de indemnização dos camponeses deslocados pelo seu projecto de exploração de grafite no distrito de Balama, província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.

A informação foi avançada pela Agência de Informação de Moçambique, que indica que os moradores locais acusam a empresa de não compensar devidamente os camponeses desalojados em Setembro do ano passado, quando o projecto avançou sobre áreas de produção agrícola.

“Além das compensações, a mineradora encontra-se em conflito com trabalhadores despedidos por participarem numa greve que exigia aumentos salariais e o fim da alegada discriminação laboral no seio da empresa”, lê-se na publicação.

Crise social e impacto internacional

A Syrah Resources, que fornece grafite natural para baterias de veículos eléctricos — incluindo através de um contrato com a Tesla —, declarou em Dezembro de 2023 o estado de “força maior”, suspendendo as suas actividades em Balama devido ao agravamento da crise política e social. A decisão teve impacto imediato nos mercados: as acções da empresa caíram 28% e verificou-se incumprimento de obrigações financeiras junto de instituições norte-americanas que haviam financiado parte da operação.

A paralisação da mina foi inicialmente motivada por reivindicações ligadas ao reassentamento de terras agrícolas, agravadas depois por tensões eleitorais locais. A empresa ficou três trimestres consecutivos sem produzir grafite e as vendas foram suspensas.

Produção retomada após acordo

Em Maio deste ano, a empresa anunciou que havia conseguido restaurar o acesso à mina, depois de vários meses de bloqueios promovidos por protestos ilegais. Um acordo formal com agricultores e autoridades governamentais permitiu resolver grande parte do conflito, embora um pequeno grupo de manifestantes tenha continuado a bloquear o acesso “sem justificação legítima”, segundo o comunicado citado pelo Engineering News.

Já na semana passada, a produção de grafite foi finalmente retomada, com destino ao mercado de baterias para veículos eléctricos. Em nota enviada aos mercados e citada pela Lusa, a Syrah explicou que o reinício aconteceu a 5 de Maio, após actividades de remobilização, inspecção e manutenção.

“A Syrah aumentará progressivamente a utilização da fábrica e os volumes de produção numa campanha operacional para repor os ‘stocks’ de produtos acabados. Sujeito à procura do mercado, esperamos continuar a operar a mina de Balama”, indica a nota oficial.

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