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Moçambique/Política: Aprovação do partido Anamola abre novo capítulo no cenário político moçambicano

Após meses de impasse e acusações de bloqueio, o Ministério da Justiça confirmou a legalização do partido de Venâncio Mondlane, que promete marcar uma nova era na política nacional.

O ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos de Moçambique, Mateus Saize, esclareceu hoje que a demora na aprovação do partido Anamola, liderado por Venâncio Mondlane, deveu-se ao elevado número de processos semelhantes em análise na instituição.

“Temos muitos processos com pedidos semelhantes, desde associações até constituição de igrejas, e quando um processo entra não significa que no mesmo dia tenha de sair uma decisão”, afirmou o governante, à margem de um evento público em Maputo.

Mondlane havia denunciado em 08 de agosto supostos “bloqueios” na legalização do partido, cujo pedido fora submetido em abril. Após o esgotamento do prazo legal de resposta, o político avançou com recurso ao Conselho Constitucional, exigindo uma decisão.

Segundo o ministro, técnicos do ministério detetaram “irregularidades” no processo, o que motivou a notificação do requerente para correção. “Depois da correção das irregularidades tínhamos de verificar novamente e, quando concluímos que o processo estava pronto para ser autorizado, autorizámos”, acrescentou Saize.

O governante confirmou que a aprovação ocorreu em 07 de agosto, tendo o processo seguido para os registos centrais com vista ao “registo oficioso do partido” Anamola. “Aguardamos agora pela publicação no Boletim da República”, concluiu.

Entretanto, Venâncio Mondlane anunciou publicamente a aprovação e convocou os seus apoiantes para uma celebração na segunda-feira, no Aeroporto Internacional de Maputo. “Até segunda-feira às 15:00 [14:00 em Lisboa] estarei no Aeroporto de Mavalane para festejarmos juntos a aprovação do nosso partido Anamola”, disse numa transmissão em direto no Facebook.

O antigo candidato presidencial declarou ter recebido “repentinamente” o despacho de aprovação e considerou que a criação do Anamola — anteriormente denominado Anamalala — representa “uma nova era” para a política moçambicana.

Desde as eleições gerais de 09 de outubro de 2024, Moçambique registou um clima de tensão, com manifestações e paralisações organizadas por Mondlane em contestação aos resultados que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo. Segundo organizações não-governamentais, cerca de 400 pessoas morreram em confrontos com a polícia durante os protestos, que terminaram após encontros entre Mondlane e Chapo para pacificar o país.

A mudança de nome do partido de Anamalala para Anamola foi solicitada pelo Governo, alegando que a sigla anterior carregava um “significado linguístico” considerado inadequado. “Anamalala” significa “vai acabar” ou “acabou”, expressão popularizada durante a campanha de 2024 e os protestos subsequentes.

Já o novo acrónimo, Anamola, significa Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo, e simboliza o início de uma nova fase política liderada por Mondlane.

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