Os ex-guerrilheiros da RENAMO reuniram-se este fim de semana na cidade de Chimoio, onde anunciaram, no final dos trabalhos, a criação de uma comissão de gestão do partido da oposição. Durante a conferência, que decorreu entre sábado e domingo, foi também decidido reabrir as delegações encerradas em protesto contra a liderança do presidente Ossufo Momade.
O porta-voz do encontro, Edgar da Silva, explicou que o objetivo é criar condições para a realização de um conselho nacional que determine a data de um congresso extraordinário, no qual se pretende eleger um presidente legitimado pela votação. “As reuniões da comissão nacional de eleições não estão a ser realizadas”, sublinhou.
Os ex-combatentes, que exigem a destituição de Ossufo Momade, consideram essencial que as delegações da RENAMO voltem a funcionar para viabilizar os próximos passos do processo político. “Ali onde existem delegações encerradas têm que ser abertas primeiro, para que haja trabalho e condições para realizar um conselho nacional”, acrescentou Silva.
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Comprar um espaço para minha empresa.Paralelamente, a direção da RENAMO confirmou ter decidido pela expulsão de João Machava, figura central do descontentamento interno, por alegada violação dos estatutos. De acordo com o porta-voz do partido, Marcial Macome, a decisão foi tomada pelo Conselho Jurisdicional, órgão responsável pela disciplina interna.
Em declarações à imprensa, João Machava rejeitou a decisão, que classificou como “uma tentativa de intimidação”, garantindo que continuará a lutar pela saída de Ossufo Momade: “Da RENAMO ninguém me tira”, afirmou. Para o dirigente contestatário, a suspensão não passa de “uma propaganda barata” e não afeta o movimento dos desmobilizados.
Machava assegurou ainda que as decisões tomadas durante a Conferência Nacional dos Desmobilizados e Membros continuarão a ser executadas, incluindo a reabertura de delegações e a mobilização política à margem da direção atual. “Não estamos contra a RENAMO, estamos contra a pessoa”, frisou, numa referência direta ao presidente Ossufo Momade, a quem apelidou de “Gorbatchov da RENAMO”.
A disputa interna, marcada por meses de tensão e contestação, expõe uma divisão profunda no seio do maior partido da oposição moçambicana, com consequências imprevisíveis para o futuro da organização e da oposição política no país.