As autoridades moçambicanas anunciaram esta terça-feira que estão a preparar um plano de emergência para enfrentar a época chuvosa 2025/26, apelando às comunidades para que estejam atentas aos avisos relacionados com ciclones e outros eventos extremos.
“A partir de agora, nós estamos já a preparar o nosso plano de contingência que inicia no distrito, que é onde já estamos, que depois vai para a província”, afirmou Luísa Meque, presidente do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD), durante o lançamento de exercícios de simulação no bairro da Maraza, cidade da Beira, província de Sofala.
O INGD arrancou, na cidade da Beira, com simulações de emergência para avaliar o grau de prontidão e capacidade de resposta diante de fenómenos climáticos, numa das zonas mais vulneráveis a inundações no país.
De acordo com a responsável, o exercício envolve bombeiros, serviços de saúde, defesa, agricultura e educação, com o objetivo de medir a coordenação institucional e preparar comunidades para reagirem a avisos de chuvas intensas, ventos fortes e ciclones tropicais.
Publicidade_Pagina_Interna_Bloco X3_(330px X 160px)
Comprar um espaço para minha empresa.O Governo está igualmente a preparar um estudo para estimar o número de pessoas que poderão ser afetadas na próxima época chuvosa em Sofala, reforçando a necessidade de comités locais de gestão de risco de desastres mais capacitados e equipados.
Segundo Luísa Meque, “é fundamental que os comités locais sejam continuamente treinados e dotados de meios para salvar vidas”.
O executivo moçambicano projeta necessidades de financiamento de 31,3 mil milhões de euros até 2030 para alcançar a resiliência climática, no âmbito da estratégia aprovada em setembro pelo Conselho de Ministros.
Em 12 de setembro, as autoridades já haviam alertado para cheias de grande magnitude e inundações em mais de quatro milhões de hectares agrícolas durante a próxima época chuvosa, que se inicia em outubro.
Moçambique figura entre os países mais severamente afetados pelas alterações climáticas, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais entre outubro e abril.
Na última época ciclónica, entre dezembro e março, o país foi atingido por três ciclones, incluindo o Chido, no final de 2024, considerado o mais grave. Mais recentemente, o ciclone Jude causou 43 mortos, 41 deles em Nampula, além de afetar as províncias de Tete, Manica, Zambézia, Niassa e Cabo Delgado.
O relatório do Estado do Clima em Moçambique 2024, divulgado em março pelo Instituto Nacional de Meteorologia, alerta que o número e a intensidade dos ciclones aumentaram na última década.
Entre 2019 e 2023, eventos climáticos extremos provocaram 1.016 mortes e afetaram cerca de 4,9 milhões de pessoas no país, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.