A violência doméstica já provocou pelo menos 41 mortes registadas pela polícia, este ano, anunciou o Centro de Estudos e Pesquisa de Comunicação Sekelekani, uma organização da sociedade civil moçambicana.
O número faz parte de um conjunto de informação divulgado a propósito do Dia Internacional da Rapariga, que se assinalou no domingo (11.10).
O departamento de Atendimento à Família e Menores Vítimas de Violência, do comando-geral da polícia, uma das entidades que lida com o crime, processou desde o início do ano um total de 6.586 casos de violência doméstica, lê-se em nota do Sekelekani consultada esta quinta-feira pela Lusa.
A maioria dos casos (3.904) é classificada como violência física simples, 1.259 como violência psicológica, 796 como violência patrimonial e 478 como violência grave, dos quais resultaram 41 mortes.
Depois de se dirigir à polícia, geralmente, a vítima (por norma, mulher) « é fortemente pressionada pela família, no sentido de esquecer a queixa », de acordo com o chefe do departamento, Marisa Timóteo.
A família acredita que « a violência doméstica pode ser travada internamente ». « Contudo, o resultado é o contrário, pois o agressor sente que tem proteção dentro da própria família », acrescentou.
Na maior parte das situações, as vítimas procuram a autoridade para tentar persuadir os maridos a abandonarem a violência, não necessariamente à procura de qualquer medida punitiva para o agressor.
« Nós deixamos claro que violência doméstica é um crime público e que, por isso, a punição não depende da vontade da vítima », sublinhou.
A luta contra os casamentos precoces e a violência doméstica têm motivado campanhas e acções públicas reunindo diversas figuras públicas moçambicanas, com vista a promover a emancipação da mulher.
Estima-se que metade das mulheres moçambicanas com idades entre os 20 e 24 anos de idade se tenham casado quando eram menores, 14% das quais antes dos 15 anos, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
O Dia Internacional da Rapariga, celebrado a 11 de outubro, foi instituído em 2011 pela Organização das Nações Unidas, com o objetivo de promover a proteção dos direitos da rapariga em todo o mundo e acabar com a vulnerabilidade, discriminação e violência.
Por: Folha de Maputo