Moçambique vacinou mais de 19 milhões de crianças menores de 10 anos contra a poliomielite entre os dias 2 e 6 de Junho, ultrapassando a meta inicialmente estabelecida, anunciaram as autoridades de saúde na segunda-feira. Uma nova fase da campanha está prevista para Julho.
“Se a meta era de 18,2 milhões, o número alcançado ultrapassou os 19 milhões, com uma cobertura total superior a 100%, por isso, superámos o objectivo traçado,” declarou Quinhas Fernandes, director nacional de Saúde Pública, durante uma conferência de imprensa em Maputo, na qual foram apresentados os dados da campanha de vacinação contra a pólio tipo 2.
A cobertura administrativa nacional foi de 107%, variando entre 96% na província de Maputo (sul) e 111% em Nampula, no norte do país.
Segundo Quinhas Fernandes, equipas independentes do sector avaliam todas as campanhas de vacinação contra a pólio através do Sistema de Avaliação de Qualidade por Lotes (LQAS).
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Comprar um espaço para minha empresa.Este método consiste numa amostragem aleatória de 60 crianças por distrito, sendo considerado que o distrito atinge cobertura epidemiológica adequada se não mais de três crianças permanecerem por vacinar.
Os resultados do LQAS indicam que 131 dos 159 distritos avaliados passaram nesta verificação, o que representa cerca de 82%. Dos 28 distritos que necessitam de mais atenção, 11 apresentaram entre quatro a seis crianças não vacinadas, seis distritos tinham entre sete e nove, e os outros 11 distritos apresentaram dez ou mais crianças não vacinadas.
“Consideramos positivos estes resultados do LQAS e, na segunda ronda, vamos trabalhar para melhorar este desempenho. Esta melhoria será fundamental para controlar o surto da variante tipo 2 da poliomielite. Mais importante ainda será garantir que os distritos com fraco desempenho nesta fase obtenham melhores resultados na próxima,” reforçou Fernandes.
A próxima fase de vacinação contra a variante tipo 2 da pólio está agendada entre os dias 8 e 12 de Julho.
Em Maio de 2024, uma equipa independente que avaliou a resposta ao surto de poliomielite recomendou à Organização Mundial da Saúde (OMS) que o surto de poliovírus selvagem tipo 1 (WPV1) em Moçambique e no Malawi fosse declarado terminado.
“Após avaliações rigorosas no Malawi e em Moçambique, uma equipa independente recomendou (…) que se declarasse o fim do surto de poliovírus selvagem tipo 1 em ambos os países, um marco significativo na luta contra a poliomielite na região africana,” afirmou a OMS em comunicado na altura.
Esta nova campanha de imunização decorreu em zonas com elevada densidade populacional, incluindo escolas, centros de saúde, mercados, igrejas, mesquitas, zonas fronteiriças e ainda porta-a-porta, conforme indicou o ministro da Saúde, Ussene Isse.
“Para além da vacinação, esta campanha concentrou-se também na intensificação da vigilância comunitária activa para a detecção de casos suspeitos de paralisia infantil. Aproveitámos igualmente para reforçar as actividades de mobilização social e promoção da vacinação de rotina,” acrescentou o ministro.
A campanha mobilizou cerca de 82 mil profissionais e teve um custo estimado em 15 milhões de dólares (mais de 13 milhões de euros).
A poliomielite é uma doença prevenível e erradicável através da administração de uma vacina segura, simples e eficaz.