PALOP previne queda no turismo

Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe apostaram em campanhas digitais e convites para evitar queda no turismo, após ter sido cancelada a Feira Internacional de Turismo de Berlim para evitar a propagação do novo coronavírus.

O turismo no ano de 2019 foi bom para Moçambique. « As entradas, as chegadas de turistas foram superiores e isso permitiu e incentivou os investidores a apostarem mais neste destino Moçambique para fazerem os seus investimentos », garante Nuno Fortes, director de Investimentos do Instituto Nacional do Turismo (INATUR).

Os bons resultados devem-se a medidas tomadas pelo Governo, que tornou o turismo uma das áreas prioritárias para a governação, definiu cinco destinos estratégicos para a atracção e o desenvolvimento do sector nomeadamente Maputo, Vilanculos província de Inhambane, o Parque Nacional da Gorongosa no centro, a costa da província nortenha de Nampula e a Reserva do Niassa, também no norte do país e mais.

« Neste momento, qualquer turista já pode ter o visto de fronteira. Portanto, não precisa vir do seu país com o visto para entrar em Moçambique, pode tirar o visto aqui nos nossos aeroportos », descreveu.

« O Governo também fez a abertura do espaço aéreo. Ou seja, hoje em dia, qualquer companhia aérea que queira voar para Moçambique ou parar em Moçambique tem condições e está livre para o fazer. Eram coisas que há algum tempo eram praticamente impensáveis », disse Nuno Fortes.

Há vários anos, o país participa na ITB, a Feira Internacional de Turismo de Berlim, que deveria arrancar na quarta-feira (04.03), mas foi cancelada para prevenir a propagação do coronavírus.

Nuno Fortes diz que tanto o Governo moçambicano como os investidores privados que acompanhariam a delegação em Berlim, apoiam a medida de prevenção.

« Quando consultei, todos foram unânimes em dizer que foi melhor assim – mesmo sabendo que tinham possibilidade de fechar um negócio. Mas essa questão do coronavírus preocupa toda a gente », avaliou.

De acordo com o director de Investimentos do INATUR, o impacto do coronavírus para o turismo é certo. « O turismo vai se ressentir em todo o mundo. Os asiáticos são das pessoas que mais viajam em todo o mundo e, com esta situação, isso vai reduzir drasticamente », considera o responsável.

Para amenizar possíveis efeitos negativos que a ausência na ITB possa gerar, Moçambique pretende investir ainda mais noutras formas de contacto com investidores e operadores internacionais.

« Vamos trazer os operadores de turismo e jornalistas para visitarem o nosso país, para poderem vender e elevar a imagem positiva para fora do país. E, em maio, temos a feira do Indaba na África do Sul, que é a maior feira de turismo da África Austral », enumerou Fortes.

Também Francisco Martins, director-geral do Turismo e Transportes Aéreos de Cabo Verde, reage com compreensão ao cancelamento da ITB.

« Os motivos são plenamente compreensíveis e têm uma razão lógica que é proteger, acima da tudo, a saúde das pessoas », argumentou.

Francisco Martins reconhece a lacuna deixada pelo cancelamento da Feira Internacional de Turismo de Berlim, principalmente em termos de contatos pessoais, mas garante que seu país encontrará alternativas para garantir a promoção de Cabo Verde.

« Pode haver aqui uma ligeira descontinuidade em termos de contactos. Mas hoje, com as ferramentas digitais que existem, isto será colmatado através de novas campanhas digitais », considerou Francisco Martins.

O director-geral do Turismo e Transportes Aéreos de Cabo Verde espera que todos países se empenhem no combate ao coronavírus. « Seguir as recomendações das organizações internacionais, nomeadamente da Organização Mundial de Saúde, para que o vírus não circule de uma forma intensa pelos quatro cantos do mundo », apelou.

« O turismo, se sofrer algum retrocesso com a presença do vírus, vai ser em todos os países », conclui Francisco Martins. O país manteve a tendência de crescimento do sector em 2019, não apenas em termos de entradas como também de ocupação das acomodações, afirmou Martins.

« Notou-se que, de facto, há cada vez mais um conhecimento dos turistas a nível mundial de Cabo Verde. Tem-se revelado um grande activo para Cabo Verde a nossa estabilidade democrática, social e também de segurança ao nível do país », considerou.

São Tomé e Príncipe contabiliza resultados com a constante participação na ITB e consequente divulgação do destino na Alemanha, revela o director-geral do Turismo no país. 

« Neste momento, a Alemanha consta dos cinco principais mercados emissores de turistas para São Tomé e Príncipe », revelou Hugo Menezes.

« Isto é o resultado de um trabalho que tem vindo a acontecer já há algum tempo, que é a divulgação de São Tomé e Príncipe no mercado alemão. Temos vindo a conhecer um crescimento notório do número de visitantes provenientes da Alemanha », avaliou.

Hugo Menezes diz ainda que, nesta ITB, o país pretendia « reforçar essa posição que temos vindo a alcançar com a Alemanha ». O impacto do cancelamento da Feira Internacional de Turismo de Berlim será grande para o arquipélago, acrescentou.

« Não tendo tido a oportunidade para voltarmos a fazer a divulgação de São Tomé e Príncipe no mercado alemão, é certo que isto terá um impacto negativo no crescimento que estávamos a preconizar ao nível do mercado alemão para este ano », avalia.

Em 2019, o arquipélago registou um « ligeiro » crescimento de 2,4% no turismo, em relação a 2018 – « o que correspondeu a algo como 34.900 turistas a mais », conta o director-geral do Turismo de São Tomé e Príncipe, acrescentando que « deste crescimento, verificamos que dos mercados que mais despontaram é precisamente o mercado alemão ».

Para que não haja retrocesso, Hugo Menezes pretende reforçar as acções de divulgado país. « A recepção de jornalistas alemães que vão a São Tomé e Príncipe e produzem artigos sobre o destino, acções pontuais de visitas ao destino de operadores turísticos de modo a podermos apresentar o destino também deverão acontecer uma vez que não tivemos a ITB este ano e reforçar a nossa divulgação ao nível da internet », descreveu.

Cerca de dez mil expositores e 160 mil visitantes de todo o mundo eram esperados nesta edição da ITB.

Por: Pérzia Sitóe

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