Um relatório independente pedido pela Igreja Católica na Alemanha concluiu que 386 menores sofreram violência sexual por parte de 243 membros do clero e leigos entre 1946 e 2018, alguns dos quais não se verificaram dentro da jurisdição da diocese alemã de Colónia.
Mais de metade dos abusos (55%) envolveram crianças menores de 14 anos, principalmente meninos, indicou o advogado Björn Gercke durante a apresentação, esta quinta-feira, do relatório de cerca de 800 páginas sobre a maior diocese da Alemanha. Parte das vítimas foram sujeitas a violência sexual, noutros casos houve abuso verbal ou físico, revela a Deutsche Welle.
Perto de dois terços dos abusos foram cometidos por membros do clero, e os restantes por leigos. O relatório revela ainda que os abusos aumentaram significativamente entre 2004 e 2018.
O documento isenta o cardeal conservador Rainer Maria Woelki de querer esconder a extensão dos abusos sexuais contra crianças.
A gestão por este clérigo deste delicado assunto gerou uma grave crise na diocese de Colónia.
Woelki causou alvoroço no ano passado ao recusar-se a tornar público um primeiro relatório elaborado a seu pedido por um escritório de advocacia de Munique, alegando violação da proteção de dados.
A decisão exasperou as vítimas, provocou a fuga em massa de fiéis da diocese e a incompreensão dos seus pares.
“É a maior crise que a Igreja já viveu”, estima Tim Kurzbach, presidente do conselho diocesano de Colónia, que reúne eclesiásticos e leigos.
A comunicação do cardeal Woelki é “um desastre”, considerou o chefe da assembleia dos bispos Georg Bätzing no final de fevereiro, numa crítica invulgarmente severa.