O campeão dos pagamentos móveis está na mira das autoridades chinesas. Pequim está a considerar a possibilidade de dividir esta aplicação muito popular em duas, com o pagamento móvel, por um lado, e as actividades de crédito, por outro. Mas, acima de tudo, as autoridades poderiam obrigar a Alipay a transferir os dados dos seus utilizadores, verdadeiro fio condutor da guerra, para uma ou mais empresas terceiras, parcialmente controladas pelo Estado.
A ordem de Pequim para o sector digital em expansão continua. E é mais uma vez a Alibaba, empresa-mãe do Ant Group, operador do meio de pagamento mais difundido do mundo, o Alipay, que está a pagar o preço. O cancelamento abrupto da IPO do Ant Group, prevista para Setembro de 2020, marcou o início da tomada de controlo do governo e do Partido Comunista sobre a tecnologia chinesa, que até agora tinha prosperado sem qualquer enquadramento legal real.
Após a destituição do lendário Jack Ma, fundador do Alibaba, o pagamento pelo grupo de uma multa recorde de 2,2 mil milhões de dólares por abuso de posição dominante e a restrição das actividades de crédito do Ant Group, que deve agora respeitar a regulamentação bancária, Pequim parece determinada a atacar a muito (demasiado?) popular aplicação de pagamentos, Alipay.
O Alipay é uma aplicação essencial na China, onde o dinheiro físico praticamente desapareceu e a grande maioria dos pagamentos são feitos através de carteiras digitais instaladas no telemóvel.
O Alipay domina o mercado em conjunto com o seu concorrente WeChat Pay, do grupo Tencent.
As autoridades têm sido particularmente intransigentes, nos últimos meses, contra práticas até então amplamente toleradas e generalizadas em vários setores dinâmicos da economia chinesa.
O Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China alertou também os gigantes digitais contra o bloqueio de ligações entre serviços concorrentes e impedimentos à interoperabilidade.
Na China, por exemplo, certos sistemas de pagamento são excluídos das ‘apps’ de comércio eletrónico de grupos rivais.
As plataformas de vídeo bloqueiam também a partilha de conteúdo em redes sociais concorrentes.
O regulador de mercado chinês anunciou, no mês passado, que está a considerar fortalecer a legislação nestas questões.