Igualdade de Género: O novo relatório da ONU adverte que os preconceitos contra as mulheres não diminuíram

O novo relatório da Organização das Nações Unidas adverte que, na última década, os preconceitos contra as mulheres não diminuíram.

Os dados são extremamente preocupantes, tendo em conta que na última década mais parece que retrocedemos no tempo. Esta semana foi divulgado o novo Índice de Género e Normas Sociais (GSNI) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e, segundo o mesmo, nos últimos 10 anos não houve progressos na erradicação do preconceito contra as mulheres.

Metade da população mundial acredita que os homens são melhores líderes políticos do que as mulheres, pelo menos 40% acredita que eles também são melhores executivos e uma em cada quatro pessoas acredita que um homem tem justificação para bater na mulher.

Tal como especifica o relatório, “a redução das liberdades globais e o aumento da polarização foram acompanhados por uma reação contra a igualdade de género e os direitos das mulheres, que afetou sociedades inteiras ao mudar as relações de poder”. Movimentos anti-género bem organizados e com muitos recursos são apontados, por alguns, como os responsáveis por este retrocesso, no sentido em que desenvolvem estratégias destinadas a reduzir os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, a enfraquecer as instituições ligadas à igualdade (como a supressão de ministérios) e a enfraquecer a legislação que protege as mulheres.

Os resultados do relatório foram calculados com base nos dados do World Values Survey, com informações de 80 países (coletadas entre 2010 e 2022) e uma cobertura de 85% da população do planeta. A pesquisa concentra-se nas quatro áreas em que o órgão da ONU considera que mulheres e meninas sofrem desvantagens e discriminação sistemática, especificamente, política, educação, economia e integridade física. E levanta questões muito diretas como se “os homens deveriam ter mais direito ao trabalho do que as mulheres”, se “ir à universidade é mais importante” para os homens do que para as mulheres ou se “o aborto nunca é justificável”. As respostas não deixam dúvidas: nove em cada 10 pessoas no mundo continuam a ter preconceitos de género.

Na Alemanha, a percentagem de inquiridos com pelo menos um preconceito caiu de 56% para 37% na última década, enquanto no Japão caiu de 72% para 59% e no Uruguai baixou de 77% para 61%. Noutros casos, porém, houve recuos: na Rússia o valor subiu de 87% para 91%, na Coreia do Sul de 85% para 90% e no Chile o aumento foi de 74% para 80%. Noutros países, a perceção que existe das mulheres pouco se alterou.

Isto significa que o mundo não está a seguir no bom caminho para alcançar a igualdade de género até 2030. No mercado de trabalho, as mulheres ocupam menos de um terço dos cargos de chefia, enquanto o quadro permanece sombrio nos níveis mais altos de liderança: a proporção de mulheres que ocupam o cargo de Chefe de Estado ou de Governo gira em torno de 10% desde 1995, segundo o relatório.



O progresso em direção à igualdade de género “desaparece diante dos nossos olhos”, já havia alertado o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em março. E acrescentou que a igualdade de género está “a 300 anos de distância”. Importantes movimentos em prole dos direitos das mulheres que ocorreram, como o MeToo e outros, não chegaram para garantir um avanço significativo.

Nos 59 países onde as mulheres são mais educadas do que os homens, a diferença média de rendimentos entre homens e mulheres ainda é de 39% a favor dos homens. Uma reação global aos direitos das mulheres e as consequências de longo alcance da pandemia de covid-19 terão exarcebado o problema.

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