O governo de Moçambique anunciou, na sexta-feira, a alocação de cerca de 15 milhões de euros para o Fundo de Financiamento do Desenvolvimento Económico Local (FDEL), destinado a apoiar iniciativas nacionais de jovens.
« Para esta fase inicial, está disponível um bilião de meticais (aproximadamente 14,9 milhões de euros) para o início da implementação desta medida governamental », revelou o porta-voz do governo, Inocêncio Impissa, em conferência de imprensa, onde fez um balanço das atividades do governo nos primeiros 100 dias de mandato.
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O governo de Moçambique aprovou, na terça-feira, a criação do FDEL, cujo objectivo é impulsionar o empreendedorismo e o desenvolvimento económico local, particularmente nas áreas de produção, geração de renda e criação de emprego, com um foco especial nos jovens.
O porta-voz do gabinete acrescentou que o fundo « tem a natureza de uma conta bancária dedicada, integrada no tesouro público », e pretende « apoiar o desenvolvimento de iniciativas que tragam benefícios diretos à população, especialmente à juventude. »
Este mês, o governo também aprovou um plano com 77 medidas a serem implementadas nos primeiros 100 dias de governação do período 2025-2029, com um impacto directo no bem-estar da população. « O plano visa estabelecer uma base sólida para a implementação de uma agenda nacional que promova a estabilidade e o desenvolvimento económico, social e político », pode ler-se no documento consultado pela Lusa.
As ações previstas incluem medidas de curto prazo para estabilizar o país social e politicamente, melhorar a educação, saúde, combater a corrupção, aumentar o emprego e melhorar as infraestruturas e serviços públicos. O plano também abrange a justiça, segurança alimentar, crescimento económico e a gestão dos recursos naturais.
Este anúncio ocorre num momento em que Moçambique enfrenta uma série de manifestações e paralisacoes no país, com a população contestando não só os resultados das eleições gerais de 9 de Outubro, mas também as dificuldades económicas, como o elevado custo de vida e a falta de emprego.
Desde 21 de Outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 pessoas foram baleadas durante os protestos pós-eleitorais, de acordo com a plataforma Decide, uma organização não governamental que monitora os processos eleitorais.
As manifestações e greves começaram inicialmente sob a liderança do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados eleitorais. No entanto, os protestos são agora em grande parte organizados por jovens, que questionam os 50 anos de governação da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), além de protestarem contra o desemprego e as más condições de ensino que afetam uma parte significativa da população jovem do país, que representa cerca de 9,4 milhões de pessoas.