Ao quarto dia da ofensiva militar israelita contra o Irão, o primeiro-ministro Benyamin Netanyahu voltou a adotar um tom direto e sem ambiguidades. Numa entrevista concedida esta segunda-feira à cadeia de televisão norte-americana ABC, o chefe do governo israelita declarou que a morte do aiatola Ali Khamenei “poderia pôr fim ao conflito” entre Telavive e Teerão.
“Isso não agravará o conflito, isso irá pôr fim ao conflito”, afirmou Netanyahu, respondendo a uma pergunta sobre a oposição do presidente dos EUA, Donald Trump, a um eventual plano israelita para eliminar o guia supremo do Irão. Quando questionado diretamente sobre se Israel pretende de facto atingir Khamenei, Netanyahu respondeu que “o país está a fazer o que tem de ser feito”.
Na mesma entrevista, o primeiro-ministro acrescentou ainda que “estamos a eliminar, um por um, os membros do alto comando militar”.
Três alvos estratégicos
Netanyahu explicou que a ofensiva israelita visa três objetivos principais:
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Destruição do programa nuclear iraniano
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Desmantelamento da capacidade de produção de mísseis balísticos
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Neutralização do chamado “eixo do terrorismo”
Segundo o líder israelita, Telavive fará tudo o que for necessário para alcançar esses objetivos e, para isso, “mantém uma forte coordenação com os Estados Unidos”.
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Na entrevista, Netanyahu reforçou que os iranianos já reconhecem a fragilidade do seu próprio regime. Entretanto, o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Abbas Araghchi, declarou que Donald Trump poderia travar a ofensiva com “um simples telefonema”. Araghchi deixou ainda no ar a possibilidade de um regresso à via diplomática, caso Washington decida intervir.
“Israel tem de pôr fim à sua agressão e, enquanto isso não acontecer, a nossa resposta continuará”, acrescentou o diplomata iraniano.
Khamenei comparado a Hitler
Netanyahu não hesitou em comparar o aiatola Khamenei a um “Hitler moderno”, reiterando que “o Irão quer uma guerra eterna que nos aproxima de um conflito nuclear”. Segundo o líder israelita, o embate entre os dois países deve ser entendido como “uma batalha entre a civilização e a barbárie”.
Divisões nos EUA e apelos à intervenção
Esta declaração surge num momento em que o Partido Republicano se encontra dividido. Enquanto os neoconservadores defendem o apoio total a Israel, a ala MAGA (Make America Great Again) manifesta-se contra qualquer envolvimento dos Estados Unidos.
Apesar do ceticismo interno, Netanyahu alertou os norte-americanos: “Hoje é Telavive, amanhã será Nova Iorque”, numa tentativa de vincar a ameaça representada pelo arsenal iraniano.
Mais tarde, fontes oficiais iranianas confirmaram “ataques ininterruptos contra Israel até ao amanhecer”.