Maputo, Moçambique – Cerca de 10.000 turmas estudam ao relento em Moçambique, situação que evidencia um grave défice de infraestruturas escolares, agravado por um défice de fundos no setor da Educação e por prioridades mal definidas dentro do executivo, segundo a ministra da Educação e Cultura, Samaria Tovela.
Durante o lançamento da 12.ª edição do Festival Nacional da Cultura, realizado em Maputo, Tovela afirmou que o governo está a avaliar os recursos disponíveis e a priorizar as regiões onde a situação é mais crítica, como as províncias de Maputo, Zambézia, Nampula e Cabo Delgado.
“Precisamos de recursos para construir escolas e garantir rapidamente o acesso das nossas crianças a salas de aula dignas e seguras”, declarou a ministra, que ressaltou o esforço do governo em melhorar as condições das turmas, mesmo antes da construção das novas infraestruturas. Entre as medidas adotadas está a provisão de quadros decentes e materiais essenciais para que as crianças possam estudar em melhores condições, mesmo que ainda não estejam em salas adequadas.
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Comprar um espaço para minha empresa.Este cenário reflete não só uma insuficiência financeira, mas também uma gestão das prioridades que não tem respondido eficazmente às necessidades urgentes do sistema educativo. A situação gerou protestos e questionamentos da sociedade civil e de especialistas, que alertam para o impacto negativo que a falta de infraestruturas adequadas tem no desempenho escolar e no futuro das crianças moçambicanas.
Um exemplo internacional de superação
Em contraste, o Ruanda oferece um exemplo inspirador de como a crise na infraestrutura escolar pode ser revertida com gestão eficaz e priorização dos recursos. Após o genocídio em 1994, o país enfrentou graves carências na educação, incluindo falta de escolas e professores.
Nos últimos 20 anos, o governo ruandês implementou um plano nacional de desenvolvimento da educação, que incluiu a construção rápida de escolas, capacitação de professores e a introdução de parcerias público-privadas para financiar a educação básica.
O resultado tem sido um aumento significativo da taxa de matrícula escolar e melhorias no desempenho dos alunos. O Ruanda hoje é reconhecido internacionalmente pelo progresso rápido na reconstrução e modernização do seu sistema educativo, apesar dos desafios iniciais.
A urgência de ação em Moçambique
Enquanto Moçambique enfrenta este momento crítico, o apelo da ministra Samaria Tovela é claro: a necessidade urgente de alocar recursos de forma eficiente e definir prioridades claras para a educação. O futuro de milhares de crianças depende da capacidade do executivo em superar estes desafios e garantir que todas as crianças tenham acesso a um ambiente de aprendizagem digno.
O caminho passa por um compromisso conjunto entre governo, parceiros internacionais e sociedade civil para mobilizar fundos, acelerar a construção de infraestruturas e garantir uma gestão transparente e focada nas reais necessidades do setor.