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Moçambique/Política: Cabo Delgado enfrenta nova onda de terror com ataques brutais e milhares de deslocados

Estado Islâmico reivindica decapitações e destruição em série, enquanto crise humanitária atinge níveis alarmantes na província moçambicana

Uma nova vaga de violência voltou a assolar Cabo Delgado, com o grupo extremista Estado Islâmico (EI) a reivindicar vários ataques recentes, incluindo a decapitação de pelo menos um cristão numa aldeia próxima de Nangade. A ofensiva ocorre num momento de agravamento da crise humanitária, com mais de 57 mil pessoas deslocadas desde 20 de julho, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Através dos seus canais de propaganda, o EI afirmou que durante o ataque capturou um dos cristãos e executou-o. Outras ações reivindicadas pelo grupo nos últimos dias, confirmadas por fontes locais da Igreja Católica, relatam incêndios em casas e igrejas em diferentes pontos da província, desde o final de julho, bem como a morte de vários cristãos.

No sábado, os insurgentes anunciaram outro ataque, desta vez no distrito de Ancuabe, no qual afirmam ter capturado e decapitado um membro das milícias locais. Já no distrito de Balama, o grupo associado ao Estado Islâmico afirma ter incendiado a casa de um comandante das milícias ‘Naparamas’ — combatentes tradicionais que, desde a década de 1980, aliam práticas místicas a ações militares, apoiando atualmente as Forças de Defesa e Segurança (FDS) contra os extremistas.

Ainda na semana passada, o grupo reivindicou um ataque no distrito de Chiúre, que terá resultado na morte de 18 elementos das milícias Naparamas e na destruição de dezenas de casas e motorizadas.

Crise humanitária em crescimento

De acordo com a OIM, o aumento dos ataques em Muidumbe, Ancuabe e Chiúre provocou, entre 20 de julho e 3 de agosto, o deslocamento de 57.034 pessoas, incluindo 490 grávidas, 1.077 idosos e 126 crianças separadas das famílias. Muitos percorrem mais de 50 quilómetros pela mata, dia e noite, em direção à sede do distrito de Chiúre.

Este é o maior fluxo de deslocados para Chiúre em cerca de um ano, sendo a alimentação a necessidade mais urgente, seguida de abrigo e itens não alimentares. Só na vila de Chiúre, 22.939 pessoas estão alojadas em Namisir e 27.558 em Micone, ambos centros improvisados em escolas.

O ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, reconheceu a gravidade da situação e afirmou que as forças de defesa permanecem no terreno para perseguir os rebeldes, embora admita preocupação pelo facto de os insurgentes terem alcançado zonas mais distantes do “centro de gravidade” assinalado pelas autoridades.

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