A Polícia da República de Moçambique (PRM) confirmou a detenção de um cidadão nigeriano de 48 anos, surpreendido em flagrante numa residência de luxo em Maputo com 89,8 quilos de metanfetamina. A apreensão, considerada uma das maiores dos últimos meses, coloca em evidência o desafio crescente que o país enfrenta no combate ao narcotráfico transnacional.
Segundo o porta-voz da PRM na cidade de Maputo, Daniel Macuácua, a droga foi descoberta durante a Operação Charuto, uma iniciativa lançada para desmantelar redes de fornecimento e distribuição de estupefacientes. “A substância é metanfetamina, embora a confirmação laboratorial esteja ainda pendente, devendo ser divulgada nos próximos dias”, afirmou.
Suspeito com antecedentes criminais
O detido, que se encontrava na capital desde a semana passada, possui registo criminal e terá regressado recentemente da África do Sul, onde, segundo as autoridades, obteve o carregamento. No momento da sua captura, o homem tentou justificar-se afirmando que a droga não lhe pertencia, alegando que apenas estava a ajudar um amigo no processo de embalagem.
Apesar da versão apresentada, a polícia sublinha que a quantidade de metanfetamina apreendida indica o envolvimento direto em uma rede organizada e de dimensão internacional. O cidadão encontra-se sob custódia e aguarda a sua primeira audição judicial, necessária para a legalização da prisão, embora a lei estipule que o interrogatório deveria ter ocorrido nas 48 horas subsequentes à detenção.
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Comprar um espaço para minha empresa.Fragilidade das fronteiras moçambicanas
A apreensão levanta sérias questões sobre o controlo fronteiriço em Moçambique. A capacidade de transportar quase 90 quilos de droga através da fronteira sul sem deteção evidencia falhas na vigilância e fiscalização, alimentando críticas sobre a eficácia das medidas de segurança implementadas.
Nos últimos anos, organizações internacionais têm repetidamente alertado que Moçambique se tornou uma rota privilegiada do narcotráfico, tanto para o consumo interno como, sobretudo, como ponto de passagem de grandes carregamentos com destino a outros mercados africanos, europeus e asiáticos.
Moçambique no mapa do narcotráfico internacional
A posição geográfica estratégica do país, com uma longa linha costeira e fronteiras terrestres extensas e difíceis de controlar, tem sido explorada por redes criminosas transnacionais. Segundo relatórios da ONU, diversos carregamentos de drogas – incluindo heroína, cocaína e metanfetaminas – já foram identificados a transitar pelo território moçambicano.
Especialistas em segurança referem que a fragilidade institucional, aliada à corrupção em alguns setores, facilita a penetração de cartéis estrangeiros, que utilizam Moçambique como corredor logístico para o tráfico.
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Anuncie aqui: clique já!Operação Charuto e o esforço das autoridades
Apesar das críticas, a PRM assegura que continua empenhada em combater o narcotráfico e que a Operação Charuto representa uma resposta concreta ao problema. “As autoridades estão a desenvolver diligências para localizar possíveis cúmplices e desmantelar a rede responsável”, garantiu Macuácua.
O caso evidencia a dimensão e a complexidade do desafio, demonstrando que o combate ao tráfico não se limita a apreensões pontuais, mas exige cooperação internacional, reforço da vigilância fronteiriça e maior capacidade institucional para enfrentar redes altamente organizadas.