A Série/ Análise: One Piece

Estreou na Netflix a série live-action de One Piece, inspirada na série de mangá de autoria de Eiichiro Oda.

A série surgiu a partir da parceria com a Shueisha e com produção da Tomorrow Studios e da Netflix. Matt Owens e Steven Maeda são responsáveis pelo argumento, pela produção executiva e pela direção de produção. Eiichiro Oda, Marty Adelstein e Becky Clements também assinam a produção executiva.

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O elenco principal do live-action é composto por Iñaki Godoy no papel de Monkey D. Luffy, Mackenyu no papel de Roronoa Zoro, Emily Rudd no papel de Nami, Jacob Romero no papel de Usopp e Taz Skylar no papel de Sanji. A série também tem no elenco Vincent Regan, Ilia Isorelýs Paulino, Morgan Davies, Aidan Scott, Langley Kirkwood, Jeff Ward, Celeste Loots, Alexander Maniatis, McKinley Belcher III, Craig Fairbrass, Steven Ward e Chioma Umeala.

Sinopse de One Piece – A Série

Inspirada na série de manga mais popular da história da autoria de Eiichiro Oda, “ONE PIECE” é uma épica aventura de alto-mar como nenhuma outra. Monkey D. Luffy é um jovem aventureiro que anseia por uma vida de liberdade desde sempre. Luffy parte da sua aldeia para embarcar numa perigosa viagem em busca de um tesouro lendário, o One Piece, e tornar-se o rei dos piratas! Para encontrar a derradeira recompensa, Luffy tem de recrutar a tripulação com que sempre sonhou antes de encontrar um navio para esquadrinhar os sete mares, livrar-se dos Marinheiros no seu encalço e provar que é melhor estratega que os perigosos rivais que se escondem em cada etapa do caminho.

Até alguns anos atrás existiam alguns mitos na Internet que falavam de algumas obras de anime/mangá que nunca ganharam uma adaptação live-action por causa de questões técnicas ou por causa do tamanho de sua história, One Piece era uma das obras que englobava este mito. A obra de Eiichiro Oda possui muitas características que pareciam difíceis, senão impossíveis, para serem adaptadas para uma versão de carne e osso, seu protagonista possui poderes de borracha, tem um Samurai que usa três espadas ao mesmo tempo, sem falar dos inúmeros poderes, seres e locais fantásticos que a obra possui. Como dito no início deste parágrafo, existiam alguns mitos e mitos podem ser superados.

Existiam diversas questões que essa adaptação da Netflix tinha que superar, com certeza uma das maiores era a questão visual e de efeitos especiais. A parte visual foi superada da forma mais criativa possível, se utilizando do próprio lore visual do mangá da obra a série live-action possibilitou que os protagonistas tivessem um vasto acervo de roupas no decorrer dos episódios. A produção também embarcou de forma definitiva no fantástico da série, então ver personagens com roupas caricatas é algo que acabou bem acertado. Isso vai desde o Luffy em seu visual clássico, passando por Buggy, os membros da Marinha e a tribulação de Arloong. Todos possuem características que remetem ao mangá, mas com estilos próprios para o live-action.

Os efeitos especiais e práticos estão na medida certa, o lado borracha de Luffy aparece pontualmente no decorrer dos episódios e não causam tanta estranheza. É utilizado bastante efeito prático nas lutas, fazendo com que a série fique entre cenas de luta de bom orçamento e cenas próximas de Tokusatsu japoneses em alguns poucos momentos. Mas o uso de ângulos de câmera e a edição/montagem das cenas conseguiu esconder bem as partes que poderiam ser o ponto mais fraco da série. Fica bem evidente quando é que episódios tem mais ou menos empenho na questão do uso dos efeitos especiais, mas isso não tira de onde vem o real brilho da série, sua história.

One Piece. Jeff Ward as Buggy The Clown in season 1 of One Piece. Cr. Courtesy of Netflix © 2023

Já devo ter digo em análises anteriores que uma adaptação tem que ser uma mescla entre seguir a obra original e criar um conteúdo próprio. No decorrer de seus oito episódios a série live-action de One Piece conseguiu cumprir isso mesmo fazendo os devidos sacrifícios. A temática sobre seguir seus sonhos está lá, as questões morais e de preconceito que existem no decorrer do mangá também. Todos os cinco membros do Bando do Chapéu de Palha ganham o seu devido destaque no decorrer dos episódios e tem seus dilemas trabalhados no decorrer da primeira temporada da série. A parte que faz esta primeira temporada brilhar de verdade na história está nas coisas diferentes do seu conteúdo.

Falar que uma adaptação não seguiu o conteúdo da obra original pode fazer muitos fãs entrarem em parafuso, a série live-action de One Piece utiliza a própria base do conteúdo original para criar sua própria versão da obra mas sem deixar nada do espírito original para trás. Muito pelo contrário, a série acrescenta coisas que na obra original eram apenas diálogos jogados e coloca eles em cena, isso ocorre na cena de apresentação de Zoro e em todo o arco original envolvendo Garp. Os vilões de East Blue possuem diferenças pequenas em seus arcos, fazendo com que eles cada um ganhe características próprias. Buggy se torna um vilão exagerado mas ainda contido, Kuro passa para um lado quase de terror psicológico e Arlong se mantém como um extremista, mas seu discurso é mais direto e o personagem ganha uma importância maior no decorrer da temporada.

Mesmo com muitas coisas originais em sua história, ainda existem muitos momentos que referenciam diretamente o anime/mangá de One Piece. Existem muitos momentos em que a cena chega ser bem próxima de uma reprodução do anime, inclusive com a quase mesma reprodução do diálogo do original. Com destaques para o momento do juramento de Zoro após a luta contra Dracule Mihawk e do pedido de ajuda de Nami para Luffy. Outras referências são mais sutis e serão pegas apenas por quem conhece bem a obra, incluindo os dois momentos em que We Are (clássica primeira abertura do anime) é tocada mesclada com o tema principal da série.

Mesmo que eu tenha muitos elogios para a série, existe um ponto que me incomodou um pouco. Mesmo aceitando que nem tudo poderia ser mostrado no decorrer da série, achei um erro não haver qualquer citação a mudança de tatuagem no braço da Nami. Existe uma cena inteira mostrando ela ganhando a tatuagem do bando do Arlong, mas achava que era necessário haver diretamente algo relacionado a mudança da tatuagem e a importância do novo desenho em seu braço.

No geral, a adaptação para série live-action de One Piece conseguiu quebrar o mito de que o mangá nunca seria adaptada para live-action de uma forma que se mantevesse o espírito de aventura e temática sobre sonhos. Mesmo com diversas alterações, a série conseguiu criar um conteúdo próprio e ainda referenciar muito da obra original. Mesmo com o desafio de trazer o lado fantástico para a tela, o uso de efeitos especiais e práticos funcionaram muito bem e com os personagens mantendo um estilo visual que mescla a obra original e características únicas para o live-action.

One Piece Live-action foto crew

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