Afeganistão: o tráfico de heroína é ultrapassado pelo tráfico de metanfetaminas, segundo a ONU

A metanfetamina entrou em cena no Afeganistão na última década, agravando o flagelo da toxicodependência. Um relatório da ONU publicado no domingo, 10 de setembro, revela que o tráfico de metanfetaminas substituiu mesmo o tráfico de heroína.

As ruas de Cabul já não são dominadas pelo tráfico de heroína, mas por um novo estimulante que também causa grande dependência: a metanfetamina, também conhecida como “crystal meth”. Desde que o cultivo da papoila do ópio foi “estritamente proibido” pelo líder supremo dos talibãs, em abril de 2022, o tráfico de metanfetaminas intensificou-se consideravelmente, segundo um relatório das Nações Unidas publicado no domingo, 10 de setembro.

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O Gabinete das Nações Unidas para a Droga e a Criminalidade (UNODC) baseou o seu estudo em apreensões em grande escala de metanfetaminas alegadamente produzidas por afegãos. No seu relatório, o UNODC regista um “aumento significativo, quase doze vezes, das apreensões de droga em cinco anos, de 2,5 toneladas em 2017 para 29,7 toneladas em 2021”.

Uma das principais razões para esta expansão da produção de droga é o facto de a droga ser fabricada em laboratórios improvisados em pequenas parcelas de terrenos agrícolas com pouca mão de obra.

Efedra e outros ingredientes

O estudo aponta o dedo à éfedra. Esta planta cresce em estado selvagem e produz efedrina, um ingrediente-chave da metanfetamina. Embora seja abundante no Afeganistão, o UNODC sublinha que a produção de metanfetaminas no país não se deve basear exclusivamente nesta planta, devido às enormes quantidades necessárias para produzir um quilograma da droga e às difíceis condições de colheita.

Mais especificamente, seriam necessárias entre 6.500 e 11.700 toneladas de éfedra para fabricar todas as 29,7 toneladas de metanfetamina apreendidas em 2021. Para satisfazer a procura, outros ingredientes, como os produtos farmacêuticos, são misturados com a planta.

Os talibãs denunciam as “declarações sem fundamento” das Nações Unidas. Com mais de 600 fábricas de droga erradicadas, 6.000 pessoas detidas e 23.000 toneladas de drogas de todos os tipos destruídas, o porta-voz do Ministério do Interior, Abdul Mateen Qani, retorque: “O Emirado Islâmico está determinado a não tolerar qualquer tipo de droga […] Pedimos à comunidade internacional que nos ajude a erradicar completamente este fenómeno preocupante do Afeganistão e a proporcionar alternativas económicas aos agricultores.

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