América latina/Crise em Cuba: Escassez de Energia e Esperança em Queda

As luzes voltaram a acender na noite de domingo no bairro de Lidia Núñez Gómez, em Havana, após um apagão que durou desde a manhã de sexta-feira. Com 81 anos, Núñez apressou-se a usar seu fogão elétrico para preparar coxas de frango e carne de porco que seu filho lhe enviou dos Estados Unidos. A escassez de carne e a expectativa de mais cortes de energia fizeram com que ela agisse rapidamente para evitar que a comida estragasse.

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A filha de Núñez, Nilza Valdés Núñez, de 61 anos, visivelmente abalada, avaliou a situação crítica que vem se arrastando há meses, marcada por apagões e escassez de alimentos e gás. Com um furacão atingindo a costa leste do país e um apagão de quatro dias que mergulhou toda a nação na escuridão, Valdés resumiu os últimos dias como “super ruins”. A falta de eletricidade e gás, junto a outros problemas, a fez expressar sua profunda frustração.

Cuba, um país comunista que já está acostumado com a escassez, enfrenta uma crise tão severa que especialistas alertam sobre a possibilidade de agitações sociais. Protestos esporádicos já ocorreram, e o presidente alertou sobre punições severas para aqueles que fomentam a desordem. Nos últimos meses, milhões de cubanos enfrentaram a escassez de alimentos nas lojas e cortes de energia prolongados, sendo que um apagão de um dia inteiro tornou-se um cenário comum apenas na semana passada.

Na sexta-feira, logo após o anúncio do cancelamento de eventos culturais e aulas universitárias para economizar energia, o fornecimento de eletricidade foi interrompido em todo o país. Isso também afetou o abastecimento de água, o que deixou muitos cubanos furiosos, que enxergaram essa última interrupção como a gota d’água. As autoridades cubanas lutam para restabelecer a eletricidade, temendo que a insatisfação generalizada ameace o controle do governo.

Desde o colapso da União Soviética, Cuba não vivia uma situação de tantas dificuldades acumuladas. Quase 2 milhões de pessoas, cerca de 20% da população, emigraram nos últimos dois anos, resultando em uma força de trabalho reduzida e uma sensação crescente de desespero. “É um caos”, afirma o economista cubano Omar Everleny, observando que muitos que pensavam em deixar o país estão acelerando seus planos de fuga.

O fornecimento de energia foi parcialmente restabelecido em Havana na segunda-feira, mas as escolas foram fechadas em todo o país até quarta-feira para economizar eletricidade. O governo cubano atribui a crise elétrica ao embargo comercial dos EUA e às sanções que limitaram severamente o fluxo de dinheiro do governo. Com usinas envelhecidas e manutenção negligenciada, a infraestrutura elétrica se tornou cada vez mais precária. O presidente Miguel Díaz-Canel reconheceu a gravidade da situação, mas fez ameaças contra aqueles que protestam, reafirmando que não tolerará a desordem.

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