África/Mali: Jihadistas reivindicam a autoria do primeiro atentado em Bamako desde há anos

Os jihadistas filiados na Al-Qaeda reivindicaram a autoria de um ataque ousado, o primeiro em anos, na terça-feira, na capital do Mali, Bamako, onde chegaram a tomar temporariamente o controlo de parte do aeroporto internacional.

Imagens divulgadas pelos canais do Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM ou JNIM em árabe) mostram combatentes armados caminhando ao redor do pavilhão presidencial de Bamako, disparando aleatoriamente contra as janelas. Esse pavilhão geralmente recebe as chegadas e partidas do chefe de Estado e seus convidados.

Em uma cena marcante, um homem armado incendia calmamente o motor de um avião, que parece fazer parte da frota oficial. Outras imagens mostram fumaça densa subindo do aeroporto e do hangar que abriga o avião presidencial.

O GSIM reivindicou o ataque em um comunicado, afirmando que « uma operação especial [teve como alvo] o aeroporto militar e o centro de treinamento de policias malianos no centro de Bamako, ontem ao amanhecer, causando grandes perdas humanas e materiais, além da destruição de vários aviões militares ».

Na mesma noite, o Estado-Maior do exército do Mali reconheceu que o ataque resultou em « algumas perdas de vidas », especialmente entre os alunos da escola de policia. Também foram relatados danos na área do aeroporto, embora o exército afirme ter repelido os agressores.

« A situação foi rapidamente controlada e todos os locais estão sob controle », declarou o Estado-Maior em comunicado lido na televisão nacional, acrescentando que operações de varredura estavam em andamento. A televisão também mostrou imagens de cerca de vinte prisioneiros com as mãos amarradas e os olhos vendados.

Nenhum balanço preciso das vítimas foi oficialmente divulgado até o momento, em um contexto de segurança tensa e sob fortes restrições à circulação de informações impostas pela junta militar no poder desde 2020.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram corpos carbonizados, identificados em alguns casos como sendo de agressores e, em outros, como de gendarmes.

A capital maliana, que vinha sendo relativamente poupada da violência desde o ataque antiocidental de março de 2016 contra um hotel que abrigava a missão europeia de treinamento do exército do Mali, viveu um dia de total confusão após este ataque surpresa ocorrido antes do amanhecer.

Embora outras regiões do Mali sejam regularmente alvo de ataques jihadistas, Bamako parecia até então segura. Os combates duraram grande parte da tarde, com intensos tiroteios reportados perto do aeroporto.

A escola de policia, localizada perto do aeroporto, também foi atingida, e segundo uma fonte de inteligência, os agressores teriam usado lança-foguetes.

Este ataque questiona as afirmações das autoridades malianas, que alegam ter retomado o controle sobre os grupos jihadistas. Em 2022, outro ataque ousado já havia visado o campo militar de Kati, uma fortaleza da junta localizada a cerca de 15 quilômetros de Bamako.

Desde que assumiram o poder, os militares romperam suas alianças tradicionais com a França e parceiros europeus, preferindo se aproximar da Rússia militar e politicamente. Eles também expulsaram a missão da ONU, Minusma, e denunciaram o acordo de paz de 2015 com os grupos separatistas do norte, considerado essencial para a estabilidade do país.

O Mali, junto com seus vizinhos Burkina Faso e Níger, também governados por juntas militares, recentemente fundou a Aliança dos Estados do Sahel e anunciou sua saída da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que eles acusam de estar sob a influência da antiga potência colonial, a França.

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