América Latina/Criminalidade: A Colômbia respira aliviada após a libertação do pai do “símbolo nacional”, o jogador de futebol Luis Díaz

A person holds candles as people attend a candlelight vigil demanding the release of the father of Liverpool F.C.'s forward Luis Diaz after he was kidnapped, in Barrancas, Colombia October 31, 2023. The writing on the shirt reads "Your family is looking forward to seeing you, freedom for Mane Diaz." REUTERS/Yelver Florez NO RESALES. NO ARCHIVES

Há treze dias, toda a Colômbia estava preocupada com o destino de “Mane”, sequestrado por um grupo do Exército de Libertação Nacional (ELN) durante as negociações de paz. Isso lembrou ao país os anos sombrios da guerrilha, quando os sequestros eram comuns e afetavam todas as classes sociais.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, saudou a libertação de Luis Manuel Díaz, pai do atacante do Liverpool, Luis Díaz, com as palavras “Viva a liberdade e viva a paz” em 9 de novembro. “Mane” havia sido sequestrado em 28 de outubro em Barrancas, na região de Guajira, no norte da Colômbia, na fronteira com a Venezuela, juntamente com sua esposa, Cilenis Marulanda, que foi libertada no mesmo dia, aparentemente devido à rápida intervenção da polícia e do exército. O pai do jogador de futebol permaneceu nas mãos dos sequestradores. Por treze dias, toda a Colômbia temia por seu destino.

O sequestro se tornou quase uma questão de Estado, pois Mane Díaz estava nas mãos de um grupo do Exército de Libertação Nacional (ELN), a última guerrilha ainda ativa na Colômbia, com a qual o governo iniciou negociações de paz que resultaram em um cessar-fogo bilateral de seis meses em agosto.

O impacto do sequestro foi enorme. Não apenas porque colocava em risco o processo de paz, mas também porque Luis Diaz é querido na Colômbia, vindo de uma família humilde em uma região por muito tempo negligenciada pelo Estado. Ao se tornar jogador de futebol e internacional, Diaz realizou o sonho de milhares de jovens colombianos…

O sequestro dos pais de Luis Diaz também trouxe à memória os anos sombrios em que os sequestros eram frequentes e afetavam todas as classes sociais. Entre 1990 e 2018, quase 50.000 pessoas foram sequestradas na Colômbia, por ex-guerrilheiros das Farc (que assinaram um acordo de paz em 2016), grupos paramilitares, ELN ou grupos criminosos, tanto para exigir resgates quanto para exercer pressão política. Os principais líderes das ex-Farc foram acusados pela Justiça de mais de 21.000 sequestros.

Este flagelo, que nunca desapareceu completamente na Colômbia, está novamente em ascensão, embora não tenha mais a mesma proporção dos anos negros. Desde o início do ano, o CICV contribuiu, por exemplo, para a libertação de 65 reféns, em comparação com 63 em 2022, 27 em 2021 ou 21 em 2020. Todos nas mãos de grupos armados ilegais.

O comandante militar do ELN, Antonio Garcia, reconheceu há alguns dias que o sequestro foi um “erro” e prometeu trabalhar pela libertação de Luis Manuel Diaz porque ele era um “símbolo nacional”. No entanto, ele não anunciou que seu grupo renunciaria às “retenções econômicas”, sinônimo de sequestros no jargão guerrilheiro, desencadeando uma onda de indignação no país. Segundo diferentes fontes próximas ao governo, o ELN estaria mantendo entre 19 e 32 reféns no momento.

A delegação governamental encarregada das negociações de paz com o ELN declarou em um comunicado que se alegrava com a libertação de Luis Manuel Díaz, mas ressaltou que o sequestro “nunca deveria ter acontecido”.

“O processo atual com o ELN avançou como nenhum outro até hoje. No entanto, nossa delegação considera que o sequestro de Luis Manuel Díaz colocou nosso diálogo em uma situação crítica e, por essa razão, chegou o momento de tomar decisões para eliminar os sequestros”, declarou o comunicado. “Nossa delegação já exige e continuará a exigir na próxima reunião com a delegação do ELN que todas as pessoas detidas por essa organização sejam libertadas”.

O pai de Luis Díaz foi finalmente libertado também graças à intervenção da conferência episcopal e da representação das Nações Unidas na Colômbia. Na quinta-feira, pouco depois do anúncio da libertação de seu pai, Luiz Diaz jogou contra o TFC na Liga Europa. O Liverpool perdeu, mas isso não diminuiu a alegria dos colombianos.

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